A utilização de painéis de 4mm com lâminas 0,30 mm com núcleo FR IIA tem limitações para uso como revestimento externo de fachadas
*Por Johnny Vieira de Souza – responsável pelo departamento de projetos da Projeto Alumínio, arquiteto, consultor ACM e professor universitário
A NBR 15446/06 destaca que as lâminas de alumínio que compõe os painéis de ACM devem ter, no mínimo, 0,30 mm de espessura, e 0,50 mm para instalações externas em fachadas, com tolerâncias de menos 0,00 mm e mais 0,05 mm. A norma não aborda sobre o tipo de núcleo, entretanto, a Instrução Técnica (IT) nº10/2019 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (CBPMESP), define pela tabela A.3 que classifica os materiais especiais que não podem ser caracterizados através da NBR 9442, que os revestimentos para fachadas devem ter classe mínima de I a II B. Os painéis de ACM com núcleo FR (Fire Resistant), são resistentes ao fogo, e possuem classificação IIA, ou seja, estão habilitados para instalações em fachadas.
Cabe destacar que o ACM com núcleo comum possui classificação IV-A, ou seja, não estão habilitados pela IT 10/2019 a serem utilizados como revestimentos externos de fachadas. A classificação IIA (IT 10/2019) do núcleo FR, certifica o ACM a ser utilizado como acabamento / revestimento de fachada por todos os grupos de divisão de uso de edificações, classificados pelo decreto do Estado de São Paulo nº 56.819/2011.
Em resumo, partindo do princípio da NBR 15446/06 e IT 10/2019 CBPMESP, o ACM que atende os requisitos para instalação externa em fachadas é aquele com núcleo FR, classificação IIA, espessura total de 4 mm e lâminas de alumínio com 0,50 mm cada, com acabamento anodizado, ou com pintura PVDF ou equivalente.
Embora a especificação de ACM 4500 FR IIA seja adotada pelos consultores de ACM nos seus projetos, há por questões comerciais, em algumas obras, a adoção do material com lâminas 0,30 mm. A opção por lâminas mais finas geralmente estão associadas ao preço do material, que chega a ser 20% mais barato que a série com lâminas 0,50 mm (4500), mas será que está economia, de fato, ocorre na prática se seguirmos os critérios técnicos exigidos pelo fabricante?
AS DIFERENÇAS E LIMITAÇÕES PARA USO EM FACHADAS
A diferença de 40% na espessura das lâminas, associado ao peso do núcleo FR, que quando comparado ao núcleo comum (LDPE) é cerca de 30% mais pesado, se tornam meios limitadores ao sistema construtivo do material na obra. É importante lembrar que a instalação do ACM geralmente ocorre por três tipos de sistema, sendo: bandeja ventilada, bandeja vedada e módulo colado (leia mais aqui).
Não levando em consideração a NBR 15446, quando adotado o painel de ACM 4300, ou seja, aquele com lâminas de alumínio de 0,30 mm cada, apenas o sistema colado se torna opção ao uso para fachadas externas. O motivo é bastante simples, e se deve ao sistema colado não possuir abas que dependem da resistência da lâmina para ficar preso à estrutura auxiliar (leia mais aqui). Quando o painel é colado, a resistência da lâmina não passa a ser um fator preponderante na fixação do módulo a estrutura auxiliar, este fato traz a possibilidade de uso do painel 4300, com segurança, em fachadas externas.
Em um breve comparativo entre as séries 4500 e 4300, é notório a diferença de peso entre os painéis, a série 4500 é cerca de 29% mais pesada que a 4300, o tamanho do painel sem reforço para instalações verticais também é maior na 4500, cerca de 30% a mais de área.
Respondendo à pergunta: utilizar chapas 4300 FR IIA para revestimentos externos de fachadas é, de fato, uma economia para a obra?
Para exemplificar que não há economia, o manual de paginação da fabricante Projetoal, traz alguns destaques que ajuda a ilustrar a necessidade de, caso a obra opte pelo material 4300 FR IIA, um aumento significativo no custo de perfis da subestrutura e mão de obra que não viabiliza a utilização desta configuração.
A modulação considerada depende de alguns fatores, dentre eles, a área da bandeja em relação a série adotada, ou seja, quanto mais espessa for chapa e suas lâminas, maior poderá ser a área do módulo sem reforço (dentro dos limites máximos estabelecidos pelo fabricante);
A atenção na profundidade do sulco da usinagem, assim como a qualidade e a afiação da ferramentaria utilizada no painel. Este fator é preponderante para evitar deformações e trincos na dobra da aba;
A consideração das isopletas dos ventos e outros fatores associados a localização da obra, altura de instalação, topografia, entre outros, para dimensionar o painel e adotar o sistema construtivo compatível;
A utilização do painel 4300 com sistema de fixação mecânica através de abas (bandeja vedada ou ventilada), deverá haver reforços de abas com cantoneiras de alumínio coladas com fitas Dfix ACM ou silicone entre as cantoneiras que fixam os módulos e o painel (figura 1).
Estes quesitos deixam claro que, os painéis 4300 FR IIA terão módulos menores que os 4500 FR IIA. Do ponto de vista técnico, quanto menor a modulação, maior o custo com acessórios e subestrutura, além disso, painéis 4300 FR IIA necessitam de reforços de abas com cantoneiras de alumínio coladas por fitas Dfix (específicas para ACM) ou silicone, o que gerará custos com acessórios e mão de obra, conforme ilustra a figura 1.
CONCLUSÃO
A utilização de painéis de ACM para fachadas externas deve ser sempre adotada seguindo a espessura total de 4mm, com espessura de lâminas de 0,50 mm cada e núcleo FR IIA. A pintura dependerá da localização da obra e do tipo de acabamento desejado, mas vale citar as séries COASTAL (regiões litorâneas próximas ao mar), KYNAR e FEVE (para obras que necessitam de performance na estabilidade de cor e brilho, e garantia para uso externo).
A utilização de painéis com lâminas 0,30 mm cada, será compensatória desde que não seja considerado a NBR 15446, e o sistema de fixação seja exclusivamente colado, caso contrário, o reforço de abas para sistemas como bandeja ventilada ou vedada o tornará inviável economicamente.
*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.
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