*Por Fernando Simon Westphal
Os vidros serigrafados têm ganhado espaço na arquitetura, concorrendo diretamente com materiais de revestimento, especialmente as cerâmicas, garantindo fácil manutenção e execução em grandes formatos.
No processo de serigrafia uma tinta cerâmica é aplicada sobre uma das faces do vidro, que posteriormente é temperado, resultando em um revestimento de alta resistência, pois a pintura fica impregnada ao vidro. A serigrafia pode ser uniforme, cobrindo inteiramente a peça de vidro, ou formando desenhos ou padrões geométricos por meio da utilização de telas na sua aplicação. Os vidros serigrafados podem ser posteriormente laminados e insulados. Por isso, a gama de aplicações é enorme, desde a indústria moveleira e de decoração, até a composição de fachadas.
Muitos edifícios em pele de vidro já utilizam vidros serigrafados como material de revestimento sobre as partes opacas da fachada, como pilares, vigas, peitoris e paredes. Nesses casos, é comum a utilização de uma serigrafia uniforme, sem desenhos, resultando em um vidro colorido.
Na área visível da fachada, ou seja, naquela porção que representa a área de janela de fato, que será transparente, existem algumas aplicações de serigrafia com padrões geométricos por meio de pontos ou listras, permitindo a redução da entrada de luz. Essa estratégia é geralmente aplicada na região superior da janela, reduzindo o potencial de ofuscamento que pode ser provocado pelo excesso de luz natural emitida pelo céu. Nesses casos, a escolha da cor da tinta é importante, pois tonalidades muito claras podem ter o efeito contrário ao desejado, espalhando mais a luz e amplificando o problema de ofuscamento. Geralmente a opção é feita por tons de cinza, criando um efeito levemente “esfumaçado” no vidro.
Atualmente, é possível avaliar o potencial de ofuscamento em uma edificação mesmo em fase de projeto, por meio de simulação computacional da distribuição de luz em determinados ângulos de visão. Posiciona-se o observador (virtual) em pontos chaves no interior do edifício e calcula-se a o total de horas ao longo do ano com alta probabilidade de ofuscamento perturbador. Estratégias de projeto podem ser avaliadas para amenizar o problema, seja por meio de elementos físicos, como brises e persianas, ou pela escolha de vidros com transmissão luminosa mais baixa. Nesse caso, a aplicação da serigrafia torna-se uma estratégia competitiva e diferenciada, pois pode ser aplicada em apenas uma parte da peça de vidro, mantendo o seu aspecto original pela face externa. Vale lembrar que a incidência de sol direta sobre as pessoas no interior de uma edificação sempre pode ocasionar desconforto em climas brasileiros. Amenizar a sensação de calor, ou o excesso de luz, é possível por meio de todas essas estratégias isoladamente ou em conjunto. Elementos de proteção móveis são sempre mais eficazes, mas acabando exigindo custos maiores em manutenção, além do controle adequado pelos usuários para máxima eficácia. Por isso a serigrafia tem ganhado espaço nas fachadas com grandes áreas envidraçadas e em coberturas de vidro, promovendo sombreamento e redução da insolação direta.
Vidros laminados fotovoltaicos e serigrafados também podem ser utilizados em coberturas envidraçadas resultando em sombreamento e geração de energia elétrica. Nesses casos, a serigrafia é aplicada ao vidro interno, para não sombrear as células fotovoltaicas.
Outra aplicação ocorre em divisórias, especialmente em estabelecimentos comerciais, garantindo também segurança, pois permite a identificação do vidro evitando o choque acidental. Nessas situações é comum a aplicação de listras horizontais ou pequenos pontos.
As aplicações da serigrafia são as mais variadas possíveis, colaborando para a consolidação do vidro como um material de construção de grande versatilidade.
Serigrafia em listra aplicada sobre vidro insulado para controle de insolação direta
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