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REQUISITOS PARA ESPECIFICAÇÃO DE VIDROS

*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil e professor da UFSC


Fachada de vidro Edifício Vera Cruz II
Fachada em pele de vidro do Edifício Vera Cruz II, em São Paulo. Mais de 20 especificações de vidro foram avaliadas para compatibilizar desempenho térmico, acústico, lumínico, além da estética e eficiência energética. O prédio obteve certificação LEED® Platinum. Projeto arquitetônico: Collaço e Monteiro Arquitetos Associados, com estudo de eficiência energética ENE Consultores.

Na especificação de um material ou sistema construtivo, deve-se buscar atender a uma série de requisitos. Mesmo quando se decide construir uma casa em alvenaria, ocorre um momento de escolha pelo tipo de tijolo ou bloco, a espessura final do reboco e a compatibilização com os elementos estruturais. Depois, vem a questão do tipo de revestimento. Se as paredes serão pintadas, se há necessidade de impermeabilização, se haverá aplicação de cerâmica ou textura e por aí segue o processo de tomada de decisão. 


Mesmo com algo tão corriqueiro no mercado de construção brasileiro, algumas alternativas deverão ser avaliadas e decisões serão tomadas atendendo a determinados requisitos. No caso da parede, talvez a maioria das pessoas pense inicialmente em custo, na disponibilidade de mão de obra, no acabamento, estética e necessidade de manutenção.


No contexto das esquadrias e vidros, devemos seguir o mesmo raciocínio. Vou elencar aqui sete requisitos a serem atendidos na definição adequada do tipo de vidro, seja com aplicação em janelas, fachadas, revestimentos ou coberturas:


  • Segurança: dependendo do local a ser instalado, o vidro deverá ser beneficiado, temperado ou laminado (ou os dois processos), para ter sua resistência aumentada e uma quebra segura, no caso de algum choque acidental;


  • Calor do sol: devemos utilizar vidros de controle solar em praticamente todas as janelas, fachadas e coberturas em qualquer edificação no Brasil. É claro que um projeto com um bom sistema de sombreamento pode utilizar vidros menos seletivos ou até incolores. Mas na maioria das situações, existe a necessidade de se utilizar um vidro de controle solar para atenuar o calor excessivo do sol. A especificação adequada depende da localidade, orientação solar da fachada, área de abertura, existência de elementos de sombreamento e uso do prédio;


  • Temperatura: em situações em que o vidro estará exposto a uma grande variação de temperatura, deve-se estudar a possibilidade de utilização de composições insuladas. O vidro insulado apresenta maior isolamento térmico por condução de calor. Isso significa que para climas predominantemente quentes, como nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, ou com frio extremo, região Sul, uma composição insulada pode trazer benefícios significativos na economia de energia em climatização e na sensação de conforto para as pessoas próximas à fachada;


  • Luz natural: a função primordial de um envidraçamento é proporcionar o contato visual com o exterior e trazer a luz natural para o interior da edificação. Na especificação de um vidro de controle solar, a transmissão luminosa deve receber atenção especial. Vidros muito escuros ou refletivos podem resultar em ambientes desconfortáveis, com maior necessidade do uso da iluminação artificial. O contrário também deve ser avaliado: vidros com alta transparência em grandes áreas envidraçadas podem resultar em problemas de ofuscamento;


  • Estética: a transmissão de luz se traduz em transparência, que implica no aspecto estético do vidro quando avaliado em conjunto com as taxas de reflexão e absorção. As três propriedades se complementam. Mas existe um limite físico para alcançar alta transparência com baixo ganho de calor. Se for uma grande área envidraçada, necessariamente deve-se optar por um vidro mais refletivo, o que terá um impacto no efeito estético;


  • Acústica: o isolamento acústico de uma esquadria é fortemente influenciado por sua estanqueidade, ou seja, inicialmente deve-se optar por esquadrias com a menor taxa de infiltração de ar. Em seguida, para ampliar o isolamento acústico do sistema, pode-se escolher vidros laminados, uso de PVB acústico, ou composições insuladas com grande câmara de ar e vidros de diferentes espessuras;


  • Economia: por fim, mas não em último lugar, o custo de aquisição e manutenção deve ser avaliado em todo o processo de escolha. No caso do vidro, alguns itens acima, como o controle do calor, irão refletir em economia de energia e no dimensionamento do sistema de ar-condicionado. Um estudo de viabilidade econômica bem aplicado deverá auxiliar na tomada de decisão.

Vale lembrar que um ambiente mais confortável resultará em maior sensação de bem-estar, motivação e produtividade para as pessoas. Pensando numa edificação comercial, isso se reflete em resultados. Já em uma edificação residencial, isso se reflete em qualidade de vida e saúde. 


*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.


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