COMO ESCOLHER ESQUADRIAS E VIDROS?
- Fernando Simon Westphal
- 14 de jul. de 2023
- 3 min de leitura
*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil, professor e pesquisador da UFSC

As aberturas de uma edificação têm as funções principais de promover o contato visual com o exterior, trazendo iluminação natural e ventilação para o ambiente interno. Essas três funções devem ser garantidas sem prejuízo às condições internas de conforto térmico, acústico e lumínico. Para isso, o projetista (arquiteto, na maioria dos casos) deve estabelecer uma área de abertura para cada cômodo da edificação e especificar adequadamente as esquadrias e vidros que serão instalados.
Já falamos aqui em outras edições desta coluna sobre como selecionar o vidro, em relação ao ganho de calor, transmissão de luz e reflexão. Mas a escolha do vidro deve levar em conta os demais critérios de desempenho relacionados à esquadria, especialmente, se for uma janela.
Há alguns anos, sob coordenação do Sindicato da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon-SP), elaboramos o Guia Orientativo para Projetos de Edificações Eficientes: Esquadria com Foco em Eficiência Energética. Naquela oportunidade, lembro de ter resumido em um fluxograma os critérios e passos para especificação de esquadrias e vidros.
Tudo começa com a definição da área de abertura por cômodo. Em geral, o código de obras de cada cidade estabelece uma área de iluminação e ventilação mínima por ambiente. São aplicados fatores da ordem de 1/6 ou 1/8 da área de piso. Isso para promover o acesso à luz natural e pelo menos metade dessa abertura deve estar disponível para ventilação. Algumas cidades trazem valores diferentes, chegando a 1/5 (20%) da área de piso. A Norma de Desempenho (ABNT NBR 15575 — Desempenho de Edificações Habitacionais) é um pouco mais sofisticada e trata das aberturas em mais detalhes, referindo-se à área transparente e área de ventilação, ou seja, desconta-se a obstrução que a própria esquadria faz sobre a área total do vão onde será instalada. Mas o fato é que a partir da definição da área, que é uma conta relativamente simples de se resolver, outras características da janela devem ser definidas com cuidado.
Então, o próximo passo é verificar a necessidade de controle do ganho de calor solar, observando se o clima exigirá aquecimento da edificação no inverno e bloqueio do sol no verão. Em climas que exigem as duas condições, ou seja, sol no inverno e sombra no verão, o uso de elementos de sombreamento móveis é fundamental. Mas em conjunto a esses elementos, os vidros de controle solar podem minimizar os problemas de sobreaquecimento, sem bloqueio do contato visual. O uso de vidros de controle solar garante mais horas com as persianas e venezianas abertas sem ganho de calor excessivo. Mas se o clima for predominantemente quente, elementos fixos de sombreamento, como beirais e brises, podem ser importantes.
Nessas situações, os vidros de controle solar continuam contribuindo para reduzir o ganho de calor quando não há incidência direta do sol sobre a janela, ou seja, a chamada radiação difusa, aquele calor refletido pelo céu e arredores da edificação. Tais elementos podem ser utilizados em qualquer condição climática, mas quando há inverno rigoroso, o desenho de elementos fixos deve ser bem pensado para não deixar a janela sombreada demais na época fria do ano.
Por fim, se a área da esquadria for muito grande, por exemplo, portas de vidro voltadas para sacadas, varandas e pátios, o uso de vidro insulado é fundamental para o conforto térmico, independentemente do tipo de clima. A câmara de ar do vidro insulado proporciona um isolamento térmico entre o vidro externo e interno, mantendo esse último com a temperatura mais próxima do ambiente interno da edificação. Isso evita o desconforto localizado próximo a uma grande área de vidro, tanto no verão quanto no inverno.

Para acessar o guia de eficiência energética em esquadrias do SindusCon-SP:
*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.
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