top of page

VIDRO INSULADO PARA EDIFICAÇÕES

Atualizado: 8 de mai. de 2023

*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil, professor e pesquisador da UFSC


Reprodução: PKO

O vidro insulado (vidro duplo com câmara de ar hermeticamente selada) ainda é pouco utilizado em edificações no Brasil. Este tipo de composição foi criada para proporcionar maior isolamento térmico ao envidraçamento. Daí vem o nome “insulado”, que seria a forma “aportuguesada” para o termo em inglês insulated.


O isolamento térmico é proporcionado pela câmara de ar, que possui baixa condutividade térmica. Para maior isolamento, o ideal é que fosse uma câmara de vácuo. Mas produzir uma composição a vácuo é tecnicamente complicado, pois a pressão negativa tenderia a deformar as chapas de vidro. Já existem alguns produtos com câmara de vácuo de baixa espessura e espaçadores entre as chapas de vidro, mas ainda utilizados em escala experimental. Como alternativa mais eficiente e viável, há a opção de preencher a câmara com um gás nobre de menor condutividade térmica do que o ar, como o argônio, xenônio e criptônio.


Usualmente, o vidro insulado é adotado em países com invernos rigorosos, como em boa parte dos Estados Unidos e da Europa, para evitar a perda de calor das edificações para o exterior, contribuindo para economia de energia em aquecimento. Mas esse tipo de composição também traz benefícios em climas quentes, como acontece nas obras recentes em Dubai, por exemplo.


Aqui no Brasil algumas obras residenciais, hotéis, hospitais e alguns edifícios de escritórios em pele de vidro já possuem composições insuladas em suas fachadas. Embora não tenhamos experimentado extremos de temperaturas altas ou baixas em relação a outros países, o uso de vidro duplo com câmara de ar contribui para evitar problemas de desconforto térmico próximo à fachada, seja no pico de calor do verão ou baixas temperaturas do inverno. Isso acontece porque o vidro interno, separado pela câmara de ar, mantém-se em temperatura mais próxima do ar interno da edificação, sofrendo menor variação térmica.

Reprodução: Abravidro

Explicando o desempenho do vidro insulado em números, pode-se utilizar uma parede de alvenaria para efeito de comparação. A transmitância térmica de uma parede de blocos de concreto rebocada em ambas as faces é de cerca de 2,5W/m².K (coeficiente de transferência de calor). Isso significa que quando submetida a uma diferença de 1°C (ou 1K), a parede transmite 2,5W de calor em cada m² de área. Por exemplo, uma parede de 10 m² separando um ambiente climatizado a 24°C e exposta ao clima externo a 32°C, irá ganhar 200W de calor para o ambiente interno (2,5 x 10m² x 8°C). O mesmo fluxo de calor ocorrerá no sentido inverso (perda de calor), se no exterior a temperatura estiver a 12°C e a edificação for mantida com aquecimento a 20°C.


Uma fachada envidraçada, com vidros laminados de 12mm, resulta em transmitância térmica de 5,5W/m².K, ou seja, mais do que o dobro da parede de alvenaria. Além disso, o vidro é transparente à radiação solar e mesmo que seja um modelo de controle solar, o ganho de calor, quando submetido ao Sol, é superior a uma parede de alvenaria.


Mas se considerarmos um vidro insulado composto, por exemplo, por dois vidros de 6mm e câmara de ar de 12mm de espessura, a transmitância térmica cai para 2,8W/m².K, ou seja, praticamente a mesma da parede de alvenaria. Dessa forma, a troca de calor por diferença de temperatura entre o ambiente interno e externo ocorre com a mesma ordem de grandeza do que uma parede de alvenaria (sem considerar o ganho da radiação solar).


Portanto, a utilização dos vidros insulados traz maiores impactos no desempenho térmico de edificações localizadas em climas extremos, onde ocorrem grandes diferenças de temperatura entre os ambientes. Isso fica mais evidente em países de climas frios, porque a temperatura do ar externo pode cair abaixo de 0°C, resultando numa diferença de mais de 20°C entre os dois ambientes.


No Brasil, a diferença de temperatura entre o ar interno e o ambiente externo não é tão grande quanto a que ocorre em países frios, por isso o impacto na economia de energia muitas vezes não é significativo. Mas o efeito no conforto térmico localizado próximo à fachada será melhor com vidro insulado do que com uma composição monolítica ou laminada.


*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.

Komentáře


V&S Blog.jpg

 Receba notícias atualizadas no seu WhatsApp gratuitamente. 

bottom of page