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VIDRO ANTICHAMA X VIDRO CORTA-FOGO: ENTENDA AS DIFERENÇAS

Ambos são capazes de proteger contra as chamas e a fumaça, mas possuem características distintas


Modelo de esquadria resistente ao fogo/Reprodução: Anavidro

Os modelos de vidro antichama e corta-fogo têm a função de garantir a segurança dentro de edificações atingidas por incêndios. Apesar de possuírem objetivos semelhantes, apresentam características distintas. Ambos são capazes de proteger contra as chamas e a fumaça, no entanto, o corta-fogo também apresenta a capacidade de bloquear a irradiação do calor.

Os vidros estão inseridos dentro de um conjunto na obra, sendo parte de um sistema composto por esquadrias, fixação, isolamentos e acessórios, que afetam o seu desempenho. “Conjunto que precisa ser todo certificado”, destaca o consultor Joel Carlos Ferreira de Souza, sócio gerente da SSG Consultores.

O modelo antichamas interrompe a propagação das chamas nos espaços, impedindo a passagem de fumaça e gases tóxicos decorrentes da queima de materiais, móveis e objetos. O corta-fogo deve não apenas cumprir todas as funções do vidro antichamas, mas também impedir quase completamente a passagem de temperatura para o ambiente.


Vidro corta-fogo/Foto: Cortesía de Dialum

Esses sistemas são indicados para fachadas, portas corta-fogo e proteção de objetos frágeis. A especificação depende, principalmente, dos requisitos do Corpo de Bombeiros e do tempo de resistência que o material precisará apresentar.

Para Carlos Cotta Rodrigues, engenheiro civil e de Segurança do Trabalho, coordenador da Divisão Técnica de Engenharia de Incêndio do Instituto de Engenharia e coordenador de diversas normas da ABNT, é importante analisar os riscos e qual das funções está se buscando com a solução. “Se for para o atendimento de requisitos de compartimentação de fachada de uma edificação, estamos falando de resistência ao fogo e, portanto, estamos objetivando a não propagação do incêndio por determinado tempo (exemplo: 120 minutos), do andar incendiado para demais andares superiores”, diz. “Nunca deverá ser utilizado o vidro antichama, o qual não garante tal critério de isolamento térmico”, acrescenta.

O modelo corta-fogo pode ser aplicado em hospitais, como é o caso do Oswaldo Cruz, em São Paulo (SP), que possui elevador pressurizado. Já o antichama pode ser utilizado em fábricas, nos vãos que separam os escritórios da indústria. Com isso, o sistema evita que um incêndio iniciado em algum equipamento atinja a área administrativa. “Esse tipo de vidro também pode ser aplicado nas compartimentações vertical e horizontal. Por exemplo, usados como viga de borda entre andares. Nesse caso, não é preciso conter o calor, pois os ocupantes já terão deixado a edificação”, comenta Ferreira.

As características dos vidros resistentes ao fogo variam conforme o fabricante. O antichama é monolítico temperado com composição química diferente do vidro comum. Já o corta-fogo é multilaminado e possui a camada intermediária composta por gel intumescente.

O vidro antichama tem cerca de 6 mm e é do tipo borosilicato – com composição modificada para ter melhor resistência aos choques térmicos. Segundo determina a ABNT NBR 10636 – Paredes divisórias sem função estrutural – Determinação da resistência ao fogo – Método de ensaio –, o material deve atender a até 120 minutos de isolamento. Nesse sistema, a esquadria tem 50mm de espessura e a fixação do vidro acontece por meio de fita cerâmica autoadesiva, calço cerâmico e baguete aparafusada. Visando a complementar a solução, todo o perímetro da esquadria é preenchido com manta cerâmica para cobrir a dilatação.

ANTICHAMA X CORTA-FOGO

“A diferença entre os vidros antichama e o corta-fogo reside no fato de que o corta-fogo atende a todos os critérios relacionados à resistência ao fogo, como estabilidade, integridade e isolamento térmico. Em resumo, se um vidro antichama for instalado em um corredor de rota de fuga, este permitirá a passagem do calor irradiado pelo incêndio, o que não ocorrerá no caso de vidro corta-fogo, uma vez que tal sistema atende ao critério de isolamento térmico”, explica Rodrigues.

Na opinião do engenheiro civil, não existe solução errada na engenharia de incêndio, mas existe a falta de análise de riscos e a escassez de especialistas que saibam determinar quais requisitos e critérios de desempenho (performance) deverão ser atendidos para cada sistema a ser adotado.

CARACTERÍSTICAS

Os modelos são indicados para fachadas, portas corta-fogo e proteção de objetos frágeis/Foto: Schott

No Brasil, como não existem ligas de alumínio comerciais que suportem incêndios, o caixilho é construído com perfis de aço carbono ou inox. “Para o antichama, os perfis são tubulares e do tipo ‘cadeirinha’. Por ser oca, a esquadria permite a passagem do calor”, fala Ferreira. No corta-fogo, os caixilhos também são tubulares, mas com massa de gesso isolante no interior dos perfis ou entre eles, dependendo do isolamento requerido.

Além da massa de gesso, alguns fabricantes usam soluções semelhantes aos thermobreaks, ligando um lado do perfil ao outro para evitar a transmissão de temperatura. Todo esse sistema precisa ser especificado em conjunto, pois, no caso de incêndios, acontece grande dilatação entre o caixilho e o vidro. Caso essa reação seja desconsiderada, há risco de colapso. “Isso ocorre porque o vidro resfria mais rápido do que o perfil”, fala Ferreira.

O antichamas é transparente o tempo todo. Durante o incêndio, esse tipo de vidro fica perto do ponto de escorrimento, mas, mesmo assim, permite que seja possível ver o que acontece do outro lado. “Por outro lado, no corta-fogo a primeira lâmina trinca e o gel vai se consumindo e tornando o vidro fosco”, afirma Ferreira. Depois de certo tempo, a segunda camada se quebra e assim sucessivamente.

NORMAS TÉCNICAS

Como os dois tipos de vidros são relativamente novos no Brasil, as normas estão sendo revisadas para incluí-los. Exemplo é a ABNT NBR 11742 – Porta corta-fogo para saída de emergência que, anteriormente, contemplava somente as soluções de aço. No entanto, o documento foi atualizado para incluir as portas de vidro.

“Outra é a ABNT NBR 14925 – Unidades envidraçadas resistentes ao fogo para uso em edificações, que não faz distinção entre antichama e corta-fogo. O documento está sendo revisado por grupo sediado no IPT para diferenciar as duas soluções”, informa Ferreira.

O problema das normas nacionais é que elas são restritivas/impositivas, o que não acontece com os documentos internacionais. “Isso não é bom porque, toda vez que há uma evolução do sistema, a norma deixa de ser atendida. O ideal é aferir desempenho, assim como acontece em outros países, que dizem o tempo que o caixilho precisa aguentar e não como ele deve ser produzido. Com isso, as normas internacionais permitem o uso de esquadrias de alumínio e até de madeira com densidade absurdamente alta que resistem cerca de 30 minutos de incêndio”, finaliza Ferreira.

Fonte: AEC Web e Arch Daily

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