top of page

O ALTO CUSTO DA ECONOMIA: Por Que um ACM Barato Pode Sair Caro para Instaladoras e Investidores

*Por Johnny Vieira de Souza – Consultor de ACM, responsável pelo departamento de projetos da Projeto Alumínio, diretor técnico da Móduly Solutions, arquiteto e professor universitário.


As cores vibrantes que tanto apreciamos em diversos produtos podem, com o tempo, perder seu brilho e intensidade. Esse fenômeno, conhecido como desbotamento, são mais relevantes em pigmentos orgânicos, especialmente as cores quentes (amarelo, laranja, vermelho) e cores frias (azul e verde). Mas o que causa esse desbotamento e quais suas implicações, especialmente em aplicações de longo prazo como as fachadas em Alumínio Composto (ACM)?

 

Por que os Pigmentos Desbotam?


A principal razão para o desbotamento é a degradação dos pigmentos quando expostos a fatores externos. A luz solar, em especial a radiação ultravioleta (UV), é uma das maiores vilãs, quebrando as ligações químicas dos pigmentos e alterando sua estrutura molecular. Além da luz, outros fatores como o calor, a umidade, a poluição e a ação de produtos químicos também contribuem para esse processo.

 

ACM’s de marcas diferentes, comercializados como “PVDF Kynar” tem performance distinta após 3 anos de instalação em lojas diferentes da mesma rede
ACM’s de marcas diferentes, comercializados como “PVDF Kynar” tem performance distinta após 3 anos de instalação em lojas diferentes da mesma rede

PVDF não é tudo igual


Muitas pessoas associam a qualidade de uma pintura PVDF com a presença da marca Kynar 500. E há uma boa razão para isso. O Kynar 500 é um tipo de resina PVDF pura, de alta performance, produzida pela Arkema, que se tornou um padrão de qualidade na indústria. Para que uma pintura seja classificada como PVDF de alta performance, o Kynar 500 ou um PVDF equivalente precisa compor pelo menos 70% da formulação da resina. Os outros 30% são geralmente compostos por pigmentos e outros aditivos que conferem a cor e as características desejadas à tinta. Essa porcentagem de 70% é crucial. É ela que garante que as propriedades de resistência da resina PVDF se manifestem plenamente, resultando em uma proteção duradoura e com baixa manutenção. Formulações com porcentagens menores podem ser mais baratas, mas comprometem a longevidade e a resistência da pintura.

 

Fatores que Afetam a Qualidade Final da Tinta


Embora a presença do PVDF seja um bom indicativo, a qualidade de uma pintura de longa duração é resultado de um conjunto de fatores. O nome PVDF por si só não garante excelência. A qualidade final e a performance ao longo do tempo dependem de:


  • Formulação Correta: Como mencionado, a porcentagem de Kynar 500 ou um PVDF equivalente é determinante. Uma formulação bem-balanceada garante não apenas a resistência, mas também a adesão e o acabamento.


  • Qualidade da Matéria-Prima: A procedência e a qualidade dos pigmentos e aditivos também influenciam o resultado final. Pigmentos de baixa qualidade podem desbotar mais rapidamente, anulando a proteção da resina PVDF.


  • Processo de Pintura: A aplicação da tinta em si é uma etapa crítica. A preparação da superfície, a aplicação em múltiplas camadas (primer, acabamento e, às vezes, verniz) e, principalmente, a cura em altas temperaturas, são essenciais para formar uma película homogênea e durável. Um processo de cura inadequado, por exemplo, pode resultar em baixa aderência e descascamento prematuro da pintura (leia mais aqui).

 

A Alternativa FEVE: Brilho e Cores Vivas


Uma alternativa de alta performance à resina PVDF é a resina FEVE (Fluoropolímero de Eter Vinílico). Assim como o PVDF, o FEVE oferece excelente durabilidade, resistência a intempéries e raios UV, e possui geralmente a mesma garantia de longevidade, sendo uma solução robusta para fachadas. A principal diferença está nas suas características estéticas: a resina FEVE permite a utilização de pigmentos que produzem cores mais quentes e vibrantes, além de acabamentos com médio a alto brilho, algo que é mais difícil de ser alcançado com o PVDF, que geralmente resulta em acabamentos com baixo brilho. Por isso, a resina FEVE é a escolha ideal para projetos arquitetônicos que buscam um impacto visual mais marcante com cores intensas e acabamento brilhante, sem comprometer a proteção e a durabilidade da superfície.

 

Consequências do Desbotamento: Além da Estética, o Valor da Marca


O desbotamento das cores vai muito além de uma questão meramente estética. Em produtos onde a cor é um indicador de qualidade ou segurança, como em sinalizações ou embalagens, o desbotamento pode comprometer a funcionalidade do produto. Em aplicações artísticas e decorativas, a perda de cor diminui a vida útil e o valor da peça.


No caso de fachadas, como as de Alumínio Composto (ACM) desbotado, as consequências são ainda mais impactantes. Uma fachada desgastada, com cores opacas e manchas, compromete a imagem da marca ou do serviço prestado naquele estabelecimento. Isso pode gerar perda de confiança do consumidor e, consequentemente, redução do valor percebido da marca ou do negócio. Além disso, uma fachada desbotada contribui diretamente para a perda do valor de mercado da edificação, impactando o patrimônio como um todo. A primeira impressão é a que fica, e uma fachada desleixada pode afastar potenciais clientes e desvalorizar um imóvel.

 

ACM de baixa qualidade após um ano de instalação apresenta desbotamento acentuado, perda de brilho e manchas irreversíveis
ACM de baixa qualidade após um ano de instalação apresenta desbotamento acentuado, perda de brilho e manchas irreversíveis

 O Desempenho Visual: Um Ponto Crucial de Exigência para o ACM


As fachadas em Alumínio Composto (ACM) transformaram a paisagem urbana com sua versatilidade, estética moderna e facilidade de manutenção. A qualidade da tinta aplicada no ACM é, sem dúvida, um fator determinante na questão estética da fachada, capaz de valorizar ou desvalorizar um empreendimento. A beleza, a durabilidade da cor e do brilho de uma fachada são essenciais para a percepção de qualidade e modernidade de qualquer projeto arquitetônico.


O desempenho visual dos painéis de ACM deveria ser o principal ponto de exigência das construtoras, principalmente em obras de grande porte, nas quais o material é utilizado como revestimento arquitetônico. A durabilidade da fachada está intrinsecamente ligada não só à tecnologia de sua pintura, especificada pela AAMA (American Architectural Manufacturers Association), mas também pela qualidade dos componentes da tinta e processo de pintura.


É importante ressaltar que o nome da tecnologia de pintura (Poliéster, Super Poliéster, WXL, FEVE, PVDF ou PVDF COASTAL) não deveria ser o principal ponto da discussão, pois há discrepância de qualidade entre fornecedores/marcas ou composições que não seguem as proporções corretas no uso da resina. O argumento principal deve estar focado na performance da pintura, ou seja, como ela estará daqui a 5, 10, 15 ou 20 anos após a instalação, independentemente de sua base química.


A garantia do fabricante do ACM, expressa em anos, não deve ser o único, nem o principal, critério a ser considerado na escolha do material. É crucial entender que as garantias de fabricantes de ACM, mesmo quando de longa duração, geralmente não abrangem o valor total de uma fachada nova nem cobrem os custos de instalação, acessórios e equipamentos.


Chamada garantia pro rata tempore, a garantia do fabricante de ACM, na prática, implica em um índice de dedução sobre o valor total do produto adquirido, que diminui percentualmente com o passar do tempo. Ou seja, quanto mais tempo se passa desde a aquisição do ACM, menor será o valor de indenização, tornando a cobertura financeira muitas vezes insuficiente para os custos reais de reparo ou substituição do sistema como um todo.


Adquirir um ACM de má qualidade, portanto, pode condenar a obra como um todo. Em caso de baixo desempenho, a substituição dos painéis não envolve apenas o custo de um novo material. Pelo contrário, implica em arcar com despesas significativas de mão de obra especializada, aluguel de equipamentos (como andaimes e plataformas), custo de beneficiamento do novo ACM, além dos inevitáveis transtornos e interrupções para os usuários e ocupantes do prédio. A economia inicial na compra de um ACM inferior pode se transformar em um prejuízo financeiro e operacional muito maior no futuro.

 

Entendendo o Delta E (ΔE) e a Perda de Brilho: Os Segredos da Longevidade Estética do ACM


No universo das fachadas em ACM, a qualidade da pintura é, indiscutivelmente, o fator mais crítico para a manutenção da estética ao longo do tempo. É ela quem define se o empreendimento manterá seu valor visual ou sofrerá com o desgaste. Cerca de 90% dos problemas associados ao ACM estão diretamente ligados à sua pintura — seja no processo de aplicação ou na qualidade da tinta —, enquanto 10% é atribuído à delaminação (o desprendimento das lâminas de alumínio do núcleo).


Dentro desse universo predominante de questões ligadas à pintura, dois conceitos são constantemente abordados e cruciais para a durabilidade estética da fachada: o Delta E (ΔE) e a Perda de Brilho. Mas o que exatamente significam e por que são tão importantes?

 

Delta E (ΔE): A Métrica do Desbotamento da Cor


O Delta E (ΔE) é uma métrica padrão utilizada para quantificar a diferença percebida entre duas cores, medindo diretamente o desbotamento da cor de um painel de ACM ao longo do tempo. Para o olho humano, um valor de Delta E igual ou inferior a 1 geralmente não é perceptível, garantindo que a cor da fachada se mantenha fiel à original. Valores maiores, no entanto, indicam uma mudança de cor cada vez mais visível, comprometendo a estética do projeto. As rigorosas especificações da AAMA (American Architectural Manufacturers Association) estabelecem limites máximos de Delta E para cada classificação de pintura, assegurando a fidelidade cromática.

 

Perda de Brilho: O Declínio do Acabamento Superficial


A perda de brilho refere-se à diminuição da capacidade da superfície da pintura de refletir a luz de forma especular, ou seja, de maneira clara e definida. Com a exposição contínua aos elementos (sol, chuva, poluição), a pintura pode se tornar opaca e sem vida. A AAMA também define limites aceitáveis para essa perda de brilho, visando garantir a manutenção do acabamento estético e a vivacidade da fachada.


Em acabamentos de alto padrão de ACM, o objetivo primordial é atingir baixíssimos índices de perda de brilho e desbotamento da cor ao longo das décadas. Isso é fundamental para que a fachada continue a valorizar o empreendimento. Por exemplo, a especificação AAMA 2605, que representa a excelência em qualidade e é recomendada para as condições mais severas, estabelece que o Delta E (ΔE) deve ser inferior a 5 e a perda de brilho menor que 30% após 10 anos de instalação, assegurando uma longevidade estética superior para a fachada.


Compreender e exigir essas especificações técnicas para o fabricante de ACM é garantir que a beleza e o investimento inicial na fachada de ACM se perpetuem pela arquitetura, gerando ótima relação custo-benefício para aquele empreendimento.


Exposição de amostras ao intemperismo – desgastes das cores e tecnologias de pintura por tempo de exposição – comparativo Delta E e Perda de Brilho. Fonte: Projeto Alumínio
Exposição de amostras ao intemperismo – desgastes das cores e tecnologias de pintura por tempo de exposição – comparativo Delta E e Perda de Brilho. Fonte: Projeto Alumínio

Os Impactos de um ACM de Baixa Qualidade para Empresas de Instalação


A escolha de um ACM (Alumínio Composto) de baixa qualidade não afeta apenas a estética do projeto; ela tem um impacto direto e significativo nas empresas de instalação. Para o investidor, ou seja, o cliente que fez o investimento, a qualidade da fachada é percebida como um reflexo direto tanto do material quanto da empresa que realizou a instalação. Essa associação imediata pode gerar consequências que vão muito além do simples descrédito.

 

Desafios e Consequências para a Empresa Instaladora:


  • Perda de Credibilidade e Reputação: A instalação de uma fachada com ACM de baixa qualidade que desbota, mancha ou apresenta problemas precocemente, mancha a reputação da empresa instaladora. Clientes insatisfeitos podem compartilhar suas experiências negativas, prejudicando a aquisição de novos projetos e a construção de uma base sólida de clientes.


  • Implicações Legais e Financeiras: As consequências podem ser severas. A necessidade de substituição da fachada pode levar a ações judiciais, nas quais a instaladora é frequentemente envolvida como corresponsável. Mesmo que o problema principal seja do material, a empresa de instalação pode enfrentar custos significativos com defesa jurídica, indenizações e acordos.


  • Retrabalhos e Prejuízos: A responsabilidade por retrabalhos, como a substituição do ACM de baixa qualidade, pode cair sobre a instaladora. Isso significa arcar com custos de mão de obra, logística e, por vezes, a compra de novos materiais, tudo sem uma margem de lucro adequada, ou até mesmo com prejuízo, na tentativa de evitar conflitos maiores e preservar o relacionamento com o cliente. Essa situação afeta diretamente a saúde financeira da empresa e sua capacidade de investir em outros projetos.


Para as empresas de instalação, garantir a qualidade do ACM utilizado é um passo crucial para proteger sua reputação, evitar problemas legais e financeiros, e assegurar a satisfação do cliente a longo prazo.


ACM’s de baixa qualidade apresentam desbotamento acentuado, perda de brilho e manchas irreversíveis, em cores diferentes, na mesma fachada
ACM’s de baixa qualidade apresentam desbotamento acentuado, perda de brilho e manchas irreversíveis, em cores diferentes, na mesma fachada

Conclusão: Um Investimento na Qualidade Integral


A vida útil e o desempenho de uma fachada em ACM são o resultado da sinergia entre a qualidade da pintura do painel de ACM e seu processo de laminação. Como demonstrado, testes preliminares são essenciais, e ensaios prolongados, realizados por fabricantes sérios e laboratórios com isonomia, asseguram que não haverá problemas futuros, especialmente em aplicações críticas.


Ao especificar uma fachada, é crucial olhar além da beleza aparente do ACM e considerar a robustez de cada elemento que compõe o sistema. Optar por materiais e tecnologias que ofereçam garantia de durabilidade compatível, e que passem por testes rigorosos de corrosão, é um investimento inteligente que garante a longevidade, segurança e integridade de sua obra. Somente assim as fachadas em ACM continuarão a ser soluções que verdadeiramente "duram", valorizando o empreendimento por muitos e muitos anos.


É vital ir além do nome PVDF. Verifique a especificação técnica da tinta, a porcentagem de Kynar 500 ou resina equivalente na sua composição e a qualidade do processo de pintura da empresa fornecedora. Dessa forma, você garante que o investimento resultará na proteção e estética desejadas por muitos anos.


ACM’s de baixa qualidade em obras de todos os portes se torna um problema generalizado para construtoras e instaladoras
ACM’s de baixa qualidade em obras de todos os portes se torna um problema generalizado para construtoras e instaladoras

*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.

 
 
V&S Blog.jpg

 Receba notícias atualizadas no seu WhatsApp gratuitamente. 

bottom of page