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ARQUITETURA COMPONDO UMA HISTÓRIA DE VIDA

Atualizado: 21 de jul. de 2021

A arquiteta Audrey Dias Lourenço, diretora da Aluparts, reflete sobre sua trajetória e as atuais tendências nas obras


Por Stephanie Fazio


A criatividade arquitetônica nos prova que o céu é o limite, mas diante de tantas obras arrojadas, o que é tendência? E como aplicá-las na fachada com a instalação de esquadrias?


Para entender mais sobre essas e outras questões, a equipe Contramarco entrevistou Audrey Dias Lourenço, arquiteta e urbanista, pós-graduada em business e sucessora na Aluparts do renomado engenheiro e consultor Nelson Firmino, seu pai.


A Aluparts trabalha com projetos arquitetônicos e recuperação de esquadrias de alumínio e vidro, estando presente nacionalmente há 30 anos.



Revista Contramarco – Conte como surgiu o seu interesse pela área de arquitetura. Relembre as principais etapas de sua trajetória profissional.


Audrey – Quando me formei no ensino médio, não tinha muita certeza do que queria fazer, mas sabia que seria algo dentro da Aluparts. Cheguei a cursar um ano de administração de empresas, pensando em me preparar para a gestão do escritório do meu pai, o engenheiro e consultor Nelson Firmino. Não passava pela minha cabeça atuar na área técnica, mas a verdade é que, desde muito pequena vivenciei de perto a vida profissional do meu pai. Ficava admirada com o saber e a dedicação dele pelo mundo do alumínio, na época, ainda como executivo da multinacional Alcoa.


Aos 15 anos, passei a ajudar no escritório, que ele havia fundado em 1990, e essa aproximação com as atividades da Aluparts foi o que despertou o meu interesse pela arquitetura e construção civil.


O mundo das obras, capacetes e botinas sempre fez parte do meu DNA. Até que, ao final do primeiro ano de administração, não me entusiasmei com o curso e disse ao meu pai que pensava em migrar para arquitetura. Até hoje, me lembro do seu sorriso e olhar neste momento, ele deu pulos de alegria! Tenho certeza que o deixei muito orgulhoso. Ele sempre quis me ver na engenharia ou na arquitetura, mas nunca me cobrou nada, deixou que eu decidisse sozinha.


Foi então que eu comecei a olhar para o escritório com outros olhos. Trabalhar com meu pai sempre foi incrível, buscava tirar o máximo proveito de todas as oportunidades ao lado dele – as reuniões, os encontros, as viagens, as participações em feiras, inclusive internacionais. Éramos uma dupla inseparável, vivemos em conjunto muitas histórias em obras, situações desafiadoras e projetos criativos. A gente aprendia e se divertia. Tanto que eu abdiquei do meu desejo de fazer um intercâmbio, morar um período fora, porque iria perder um tempo precioso ao lado dele.


Acho que no fundo eu sabia que daria continuidade ao seu legado, como faço hoje, e não poderia decepcionar ninguém, principalmente eu mesma. Hoje em dia, é engraçado ver velhos conhecidos, amigos e parceiros de trabalho do meu pai, que acompanharam o meu crescimento físico e profissional. A adolescente que entrou no escritório sem ter muita ideia do que iria fazer hoje é responsável pela continuidade da obra de Nelson Firmino, todos se admiram e isso me deixa feliz e agradecida.


Revista Contramarco – Comente sobre como se dá a dinâmica de trabalho como consultora do Grupo Aluparts.


Audrey – Nós atuamos em dois segmentos: consultoria e projetos. Os projetos de esquadrias e fachadas unitizadas, glazing, pele de vidro, clarabóias, skylights, guarda-corpos e revestimentos de ACM são desenvolvidos em conjunto com incorporadoras, construtoras, gerenciadoras e arquitetos. Neste caso, transformamos as ideias em detalhes técnicos de esquadrias, oferecendo soluções de engenharia sob medida para cada projeto. Ainda na consultoria, fazemos a elaboração de laudos técnicos sobre patologias das esquadrias e vidros, o plano de manutenção e o gerenciamento das correções.


O outro segmento é o de manutenção e recuperação, que inclui a vedação e retrofit de fachadas envidraçadas, nós somos a única grande consultoria que também presta serviços de manutenção. Geralmente, os consultores só fazem projetos e prestam assessoria técnica ao cliente. Nós fazemos isso e ainda recuperamos as fachadas, fornecemos a mão de obra especializada no assunto. É um grande diferencial, conseguimos aliar toda a nossa expertise, toda a parte conceitual de projetar, criar e desenvolver uma fachada, à parte técnica colocando a mão na massa no conserto e na recuperação das esquadrias.


É um trabalho que acaba sendo mais fácil por já termos o domínio do conceitual, quem ganha com isso é o cliente. A Multiplan, com quem trabalhamos há mais de 20 anos, é um exemplo perfeito desta integração. Quando eles estão construindo shoppings, fazemos o projeto das fachadas, das coberturas, dos guarda-corpos, tudo o que envolve vidros e esquadrias, fazemos os cálculos, especificamos os materiais, os perfis, os vidros e os acessórios.


Depois de alguns anos, este shopping vai precisar de manutenção e nós voltamos para uma prestação de serviços. Assim como a Multiplan, muitos clientes de consultoria, que nos procuram em busca de algum auxílio técnico, um laudo, um projeto, uma memória de cálculo, no futuro, em alguma oportunidade, voltam a nos procurar para uma prestação de serviços de recuperação de fachada envidraçada.


Manutenção de fachada da sede III do Banco do Brasil em Brasília (DF)/Reprodução: Aluparts

Atualmente, tenho cerca de 20 projetos em andamento e 16 obras de manutenção. O principal desafio do dia a dia é gerenciar as equipes. Atuamos em diversas áreas dentro da consultoria, lidamos constantemente com assuntos diferentes e todos com igual importância.


Para não perdermos o foco e mantermos a qualidade, trabalhamos com agenda, executando cada tarefa estritamente a seu tempo. Procuro sempre delegar tarefas menos técnicas e me concentrar junto aos especialistas, onde é fundamental empregar toda a expertise acumulada nestes 31 anos da Aluparts. O grande segredo é garantir a interação entre as áreas e a energia para dar conta dessas duas modalidades, consultoria e manutenção.


Revista Contramarco – As construções modulares têm se tornado uma opção bastante utilizada e prática para projetos. Comente sobre a tecnologia e como ela é pensada na arquitetura.


Audrey – A construção modular é uma tendência, sem dúvida, mas não é de hoje. No caso das esquadrias, em 2002, a obra do BankBoston, em São Paulo, foi a primeira a receber uma fachada modular unitizada. Colunas, travessas, vidros e componentes são montados em módulos únicos sob medida. É uma fachada moderna e foi feita há 19 anos. Mas hoje, as empresas estão mais preocupadas com a redução de custos, com a praticidade e com maior rapidez na entrega das obras, o que reforça a tendência das construções modulares.


Em tecnologia, uma grande tendência é a parametrização de projetos. Temos uma ferramenta de trabalho, o BIM, que integra, planeja, relaciona e organiza todas as modalidades de uma obra, todas as disciplinas. Com isso, é possível projetar em conjunto às partes elétrica, hidráulica, fundação e de esquadrias. Todas as modalidades em uma mesma linguagem e sistema, o que permite antecipar erros, saber o que dá certo, o que não vai dar e identificar as incompatibilidades.


Entendemos que parametrizar as construções não exime a qualidade plástica dos projetos e minimiza muitos erros, o desperdício de tempo e materiais. Evidentemente, ainda temos muito a caminhar e diversas tarefas ainda são executadas in loco pelos serralheiros, mas trabalhamos para diminuir cada vez mais este tipo de serviço, praticamente artesanal.


Revista Contramarco – De acordo com o portal ArchDaily, entre as tendências construtivas para este ano estão o aço aparente, o tijolo de vidro, fachadas e coberturas verdes, entre outras. Você tem notado essas características nos projetos? Quais opções os clientes mais requisitam?


Audrey – Estamos na era da sustentabilidade e todos defendem a mesma bandeira, ou seja, da preservação dos recursos naturais e da redução de custos. A demanda tem sido por alternativas que geram benefícios ao planeta e que sejam, ao mesmo tempo, mais econômicas. Acho sensacional a ideia das fachadas verdes, temos observado uma procura crescente por este tipo de solução.


No caso do aço aparente, já é uma alternativa amplamente utilizada nos nossos projetos. A demanda por vidros especiais também está em alta. Vidros que permitam redução de calor, proporcionem uma sensação térmica mais agradável e, que ao mesmo tempo, reduzam os custos de energia, estão na ordem do dia. Porém, materiais de altíssima performance, muitas vezes, ainda esbarram na questão do custo elevado.


Eu preciso fazer um adendo aqui em relação à criatividade dos arquitetos: eles estão cada vez mais arrojados. No entanto, às vezes é preciso “trazê-los de volta ao planeta Terra”. Isso porque, muitas vezes, eles se esquecem do pós-obra e da manutenção, projetam fachadas complexas que não podem receber limpeza, pintura, substituição de vidros, cerâmicas, enfim. Frequentemente vamos prestar um serviço em um edifício que, devido a algum elemento arquitetônico, não pode receber um equipamento na cobertura, um balancim elétrico, por exemplo, por conta da geometria da edificação, ou devido a alguma especificidade das vigas, dos pilares, entre outros casos.


Encontramos algumas dificuldades relacionadas à concepção e complexidade arquitetônica. Daí a importância, mais uma vez, dos softwares que ajudam na parametrização das construções: eles permitem visualizar a obra pronta.


Revista Contramarco – Quanto às esquadrias, quais modelos estão sendo mais utilizados? Comparando o momento atual com 10 anos atrás, quais foram as principais mudanças na indústria de esquadrias?


Audrey – Nas décadas de 60 e 70, quando começou o uso da esquadria de alumínio, elas eram uma espécie de envoltório da edificação. Eram robustas, pesadas, com muita massa de alumínio, ainda não eram o elemento principal de uma fachada. Seu uso se limitava ao desempenho estrutural. Não precisava ser bonita ou ter interação com o meio externo.


Já nos anos 80, se percebeu que as esquadrias poderiam ter a mesma performance sendo mais leves, mais discretas. Começou-se a redução dos perfis de alumínio. Hoje em dia, já se exige atributos em relação à performance: esquadrias com atenuação acústica, atenuação térmica, o mínimo de perfil possível, o máximo de transparência. No passado, não se falava em performances de desempenho e acústica e hoje existem laboratórios que testam as esquadrias. O cliente está cada vez mais consciente das possibilidades.


A tendência da vez é a esquadria minimalista: uma linha Slim, que embute trilhos, perfis, possível de ser instalada em grandes vãos, com poucos perfis. Tem muita engenharia e muita tecnologia envolvida, o que aumenta o valor agregado do produto.


Revista Contramarco – Quais são as principais técnicas para a restauração de esquadrias de alumínio?


Audrey – Quando se pensa em retrofit, estamos falando em valor agregado: a instalação de novos componentes, um vidro de controle solar com desempenho que permita melhora na eficiência energética, na redução de calor, no aumento da luminosidade.


São três escalas diferentes: desde uma pequena intervenção (como a vedação em uma infiltração, a substituição de um acessório quebrado, ajustes mecânicos, conserto de janelas que não estavam abrindo, a limpeza de perfis e vidros). Assim, passando por uma “pequena cirurgia” (correções citadas acima, substituição de vidros comuns, por exemplo, que estão fora da norma técnica, por vidros de segurança com controle solar, e eventual substituição de peças para um melhor resultado estético).


No caso de “cirurgia total”, envolve a substituição completa das esquadrias oferecendo uma cara nova à edificação. Vários prédios em São Paulo passaram por esse processo, como por exemplo, o Centro Empresarial São Paulo (Cenesp), cuja consultoria e projetos são da Aluparts, em 2015 passou por um grande retrofit cirúrgico. Ao todo, sete torres tiveram suas fachadas de concreto aparente e vidro incolor revestidas com painéis unitizados compostos por ACM e vidros de alta performance.


No Cenesp foram realizados consultoria e projeto de retrofit/Reprodução: Aluparts

Revista Contramarco – Cite dois exemplos de obras que mais te marcaram e comente sobre as suas características.


Audrey – Uma delas foi a sede da Petrobras, em Santos, no ano de 2012. Os painéis foram compostos pelo fechamento e brises de vidro, sendo os perfis todos em alumínio, formando um monobloco. Foi uma fachada muito especial, que demandou bastante estudo e parcerias com os diversos profissionais envolvidos, uma vez que o prazo era também extremamente enxuto.


Na sede da Petrobras, em Santos (SP), foram realizados consultoria e projeto/Reprodução: Aluparts

Outra obra foi o edifício WTNU 2, encomendado pela WTorre. Em 2012, a empresa contratou um fabricante de esquadrias chinês, para um prédio na Marginal Pinheiros, em São Paulo (SP). A Aluparts prestou consultoria aos chineses, que precisavam “tropicalizar” a obra e adaptá-la às normas técnicas brasileiras. Foi uma experiência sensacional, viajamos até a China, onde passamos cerca de dez dias, tivemos contato com toda a tecnologia deles, as fachadas foram testadas dentro de um laboratório existente no próprio fabricante, fizeram protótipos, as adequações necessárias pós-teste, enfim, foi uma experiência valiosa.


Eles fabricaram tudo localmente. Uma fachada unitizada, modular e de alumínio e despacharam de lá para o Brasil de navio. Aqui só foi preciso descarregar e instalar, nenhum vidro chegou quebrado, foi um trabalho de altíssima tecnologia e precisão. A China me provou que toda a fachada pode e deve ser produzida em um ambiente controlado, deixando apenas a montagem para os operários no canteiro de obras. Foi uma viagem de muito aprendizado e histórias.


Vou citar uma terceira, que é o Centro Empresarial São Paulo. Esta obra, de retrofit completo da fachada, teve como principal desafio a execução do projeto e obra considerando o edifício ocupado. A fachada unitizada foi montada exclusivamente por fora, quando a principal característica dela é ser montada sem a necessidade de operários pelo lado externo. Isso se deu, porque os caixilhos originais foram retirados após finalização da montagem da nova fachada, permitindo assim que cada unidade fizesse o procedimento a seu tempo.


Conheça a Aluparts em: aluparts.com.br/

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