VIDRO LOW-E PODE SER LAMINADO?
- Fernando Simon Westphal
- há 11 horas
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*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil, professor e pesquisador no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sócio da ENE Consultores e palestrante em eventos do setor
O vidro low-e é um vidro de controle solar, cujo revestimento metálico resulta em acabamento de baixa emissividade, por isso o nome “low-e”, do inglês low emissivity. A vantagem da superfície de baixa emissividade é reduzir a capacidade de irradiação de calor depois do vidro ser aquecido. Esse comportamento é benéfico, tanto em climas frios, reduzindo a perda de calor interno da edificação, quanto em climas quentes, evitando o ganho de calor do ambiente externo para o interno.
Além da baixa emissividade, em geral, os vidros low-e são mais claros, embora consigam cortar boa parte do calor do sol. Apresentam altas taxas de transmissão luminosa, combinadas a um baixo ganho de calor solar, ou seja, um baixo fator solar. Essa relação entre transmissão de luz e fator solar corresponde ao que chamamos de índice de seletividade (IS). Quanto maior o IS, mais eficiente é o vidro.
Tudo isso é proporcionado pela composição especial do coating, o revestimento metálico de controle solar, que no caso dos vidros low-e geralmente possui uma ou mais camadas de prata, conferindo alta seletividade.
A baixa emissividade é uma característica dos metais polidos, que consiste em dificultar a emissão de calor. Um exemplo comum de material com baixa emissividade é o papel alumínio que utilizamos na cozinha. Embora ele conduza bem o calor, podendo ficar aquecido, há uma dificuldade na irradiação desse calor, mantendo os alimentos aquecidos por mais tempo. Se você colocar a mão próxima ao alumínio aquecido, não vai perceber que ele está quente. A menos que encoste nele. Esse mesmo princípio é utilizado nos cobertores térmicos, para preservar o corpo das pessoas aquecido, dissipando menos calor; e na garrafa térmica, para evitar a troca de calor entre o interior da garrafa e o meio externo. No caso do vidro, a baixa emissividade atua evitando a emissão de calor do vidro aquecido. Mas para isso, a face metalizada deve estar exposta ao ar e protegida contra intempéries. O vidro deve ser utilizado numa composição insulada, com o revestimento metálico voltado para a câmara de ar. Em climas quentes, a superfície low-e deve estar no vidro externo, voltada para o interior da câmara, ou seja, no sentido de fora para dentro. Em climas frios, deve-se inverter a posição, evitando a emissão de calor de dentro para fora. Nessas situações, a superfície low-e deve estar no vidro interno, mas voltada para o interior da câmara de ar.
Explicando de forma resumida, o vidro low-e deve ser utilizado em composições insuladas, sempre com a face de baixa emissividade voltada para a câmara de ar. Dessa forma, o vidro evita a transmissão de calor do lado mais quente para o mais frio.
Para aproveitar essa capacidade de baixa irradiação de calor o material precisa estar exposto ao ar. Isso é crucial. Caso esteja em contato com outro material, a condução de calor irá ocorrer normalmente e a emissão passará a ser feita pelo material adjacente.
Então, se um vidro low-e é laminado com o coating contra o PVB, o benefício da baixa emissividade é perdido e o vidro irá transmitir o calor por diferença de temperatura igual a um vidro comum. Mas isso vale apenas para a condução de calor através do vidro. Quanto ao filtro de calor do sol, tanto faz se o vidro low-e está laminado ou não, ele continua com a mesma eficiência.
Em resumo, o vidro low-e é útil para reduzir a transmissão de calor por diferença de temperatura através de um vidro insulado. No caso de vidros laminados com a face metalizada voltada ao PVB o vidro low-e não faz diferença alguma na transmissão de calor por diferença de temperatura. Quanto ao filtro do calor do sol, geralmente os vidros low-e possuem maior reflexão de calor do que de luz.

Para funcionar como um isolante térmico, o vidro low-e deve ser utilizado na versão insulada, com o coating voltado para o interior da câmara de ar.
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