PELÍCULA OU VIDRO DE CONTROLE SOLAR?
- Fernando Simon Westphal
- 25 de jul.
- 3 min de leitura
*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil, professor e pesquisador no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sócio da ENE Consultores e palestrante em eventos do setor
Muita gente pergunta se é mais vantajoso instalar um vidro de controle solar ou aplicar uma película sobre um vidro incolor. As funções são as mesmas: a redução do ganho de calor e controle da luminosidade. Em relação ao desempenho final, é possível encontrar produtos equivalentes, mas a forma de aplicação, estética e durabilidade são bem diferentes.
A película é um adesivo aplicado geralmente sobre um vidro incolor já instalado. E mesmo aquelas de alta qualidade apresentam um desbotamento com o tempo e estão sujeitas a manchas, descolamentos e bolhas. O vidro de controle solar possui um revestimento metálico impregnado em uma de suas faces, e que não desbota e nem desgasta com o tempo. A durabilidade é por tempo indeterminado. Se for um vidro insulado ou laminado com o coating contra o PVB o desempenho é garantido para sempre. Não há qualquer tipo de desbotamento ou perda de eficiência registrada em vidros de controle solar que vem sendo utilizados por décadas mundo afora.
Geralmente, as películas com alto bloqueio de calor e boa transmissão de luz têm um custo equivalente a um vidro de controle solar de mesmo desempenho. Nessas condições, o investimento no vidro é mais vantajoso, pois ele vem completo, pronto para instalação na esquadria ou fachada, e não requer substituição ao longo da vida útil da edificação. A película vai exigir a aquisição e instalação do vidro base para a sua aplicação, o que representa mais um custo. E mesmo com garantia de longo prazo, como 15 anos, é um tempo relativamente curto para a escala de uso de uma edificação, exigindo substituições frequentes.
Muitos vidros de controle solar disponíveis no mercado nacional podem ser temperados, o que amplia o leque de utilização em situações em que tradicionalmente se recorre à aplicação de películas depois da obra pronta. É o caso de muitas guaritas, portarias de edifícios e fechamentos de sacadas. Além de garantir a durabilidade por décadas, o vidro de controle solar nessas situações oferece um efeito estético uniforme, que as películas não conseguem proporcionar.

Nos halls de edifícios, como nesta imagem, a especificação de vidro de controle solar, seja com aspecto mais escuro ou espelhado poderia ser previsto antes da execução da obra, garantindo maior privacidade e segurança.
A única questão é especificar o vidro certo durante o projeto e evitar que a aplicação da película seja deixada a cargo dos futuros usuários da edificação. No caso de fechamentos de sacadas, a especificação do vidro de controle solar já deveria ser indicada no manual do proprietário e incorporada logo na convenção do condomínio. Isso evita o risco de variação de tonalidade e reflexão dos vidros na fachada.
As películas são boas soluções para edificações em uso, com vidro incolor e sem possibilidade de substituição. As propriedades ópticas para a escolha de uma película são as mesmas adotadas para a especificação de vidros de controle solar: transmissão, reflexão e absorção de luz e calor; além do fator solar, que representa o quanto de calor atravessa o vidro. Usualmente, os fabricantes apresentam esses dados para a película aplicada sobre um vidro incolor padrão de 4 ou 6 mm de espessura. E da mesma forma que os vidros, existem películas mais escuras, espelhadas, coloridas ou claras.

A falta de proteção solar no próprio vidro, ou de um elemento de sombreamento externo acaba forçando os usuários das edificações ao uso das películas como o último recurso para evitar grandes reformas. Em algumas situações, o escurecimento de parte do vidro é necessário apenas para controlar o ofuscamento, como na situação ao lado, onde a película foi aplicada apenas na porção superior do envidraçamento.
Em resumo: para obras novas não faz muito sentido especificar vidro incolor e mais a película, pois a solução certamente sairá mais onerosa do que a especificação de um vidro de controle solar. Películas vão bem em edificações existente, em que a substituição dos vidros é impeditiva.
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