top of page

JOGO DE LUZ E SOMBRAS, VENTILAÇÃO E PRIVACIDADE: CONHEÇA O MUXARABI

Arquiteto e executivos da Ezy Color e da Nova Decamp traçam a história do elemento e suas vantagens


Por Stephanie Fazio


Fotos: Guilherme Pucci


O elemento construtivo muxarabi (termo árabe que significa “local fresco”), também conhecido como muxarabiê, é uma treliça de madeira com origem na arquitetura árabe (presente desde o século XIV em países da Ásia e Oriente Médio). “É um dos mais típicos, tradicionais e clássicos componentes da arquitetura islâmica, notadamente presente na arquitetura marroquina”, comenta Jorge Henrique, diretor comercial da Ezy Color, que atua na decoração de perfis de alumínio em efeito madeira.


Especula-se que, originalmente, o elemento arquitetônico foi criado para manter a água de beber fresca, no entanto, desde o século XIV, sua estrutura passou a ser associada a refrescar pessoas e, ao mesmo tempo, favorecer a sua privacidade. A peça, ao ser usada como fechamento de portas e balcões, permitia a ventilação, a entrada parcial de luz natural e favorecia o “ver sem ser visto”, ou seja, quem está dentro do imóvel consegue ver quem está fora, mas não o contrário.


“Originalmente, é um elemento vazado, tipo pérgola, construído em madeira treliçada, de beleza estética ímpar, funcionalidade e singeleza. Por se tratar de um elemento vazado, permite a entrada de luz e ventilação natural, todavia, mantendo a privacidade do ambiente”, detalha o executivo da Ezy Color.


“O muxarabi proliferou com absoluto destaque na arquitetura ibérica, durante o domínio Mouro na península na Idade Média”, conta Jorge. O elemento veio para o Brasil em meados de 1530, com a chegada dos colonizadores portugueses de origem árabe, e sua estrutura foi muito utilizada durante o período colonial. Atualmente, é muito aplicado em brises, revestimentos, divisórias, pergolados, forros, entre outros locais.


Para Pietro Terlizzi, arquiteto, o fato de ser produzido em madeira agrega à arquitetura brasileira, traz brasilidade. “A ortogonalidade [capacidade de formar ângulo reto] dele remete ao modernismo, que tem muita relação com a arquitetura brasileira”, diz.


“Esta é uma grande tendência no mercado de arquitetura, a alta do consumo dessa tipologia se deu em nossa agilidade em desenvolver produtos e perfis que atendam essa demanda”, diz Eli Marques, diretor comercial e operacional da Nova Decamp, distribuidora de perfis de alumínio.


VANTAGENS E DESVANTAGENS


Além de agregar beleza estética ao projeto interno e externo, a solução favorece a privacidade daqueles que fazem uso do imóvel, já que sua estrutura formada por elementos vazados permite a visão de dentro para fora e não o contrário.


Arquitetos e engenheiros que prezam pelo conceito da sustentabilidade em suas construções têm utilizado o item em seus projetos. “Projetos sustentáveis envolvendo casas, edificações residenciais, escritórios e estabelecimentos comerciais passaram a apostar no uso do muxarabi de maneira a proporcionar maior conforto térmico e redução de custos de energia no imóvel, já que ele facilita a ventilação e a entrada de luz natural dispensando o uso, muitas vezes, do ar-condicionado e da luz elétrica em alguns momentos do dia”, afirma o portal Viva Decora.


Jorge destaca que a “madeira in natura”, além de ecologicamente incorreta, tem custos de manutenção e preservação proibitivos, isto fez com que arquitetos e designers passassem a descartar o material em seus projetos.


Fotos: Ezy Color


“A tecnologia Ezy ‘Powder on Powder’ permitiu o resgate de elementos anteriormente executados em madeira, através da aplicação da pintura efeito decorativo madeira em alumínio, de alta definição e fidelidade às nuances da madeira de alta durabilidade e resistência à radiação solar (típica em climas tropicais, como o Brasil)”, cita. Outra vantagem pontuada pelo executivo está no custo de conservação e manutenção do revestimento efeito madeira em alumínio.


“Essa tecnologia inovadora possibilitou o resgate da madeira na arquitetura contemporânea e sustentável. O muxarabi não foge à regra e tem sido uma nova opção e tendência na arquitetura. Vale ressaltar que o fabricante de esquadrias ampliou sua participação na execução de soluções que, anteriormente, eram somente realizadas por empresas madeireiras", afirma Jorge.


Eli Marques, diretor comercial e operacional da Nova Decamp, informa que as vantagens proporcionadas estão ligadas ao design mais arrojado com diversas formas de aplicação e na geração de maior conforto ao cliente final.


Quanto às desvantagens, há o preço elevado quando comparado a outros elementos construtivos e divisórias de ambientes. Além disso, a limpeza de um muxarabi de madeira, por exemplo, também é um ponto que deve ser levado em consideração, “já que a estrutura, dependendo de como é instalada, pode acumular pó e, sendo uma régua trançada, alguns cantos podem ser difíceis de limpar”, observa o portal Viva Decora.


A manutenção da peça precisa de uma atenção especial, principalmente em se tratando de um muxarabi madeira exposto ao tempo. “Neste caso, a aplicação do verniz é importante para que a estrutura se mantenha conservada”, pontua o site Viva Decora.


COMO APLICAR NO PROJETO?


“Não há um local determinado ou mais indicado para usar o muxarabi. Eu diria que é possível usar em qualquer cômodo onde o desejo é filtrar a passagem de luz e visibilidade do ambiente, mas que não deseje um bloqueio total de vista e luminosidade”, orienta Pietro Terlizzi, arquiteto. Além disso, ele complementa que o muxarabi tem que ser proporcional ao local onde será inserido, podendo estar em vãos pequenos ou maiores, mas isso deve ser proporcional ao uso dele.


“Sem dúvida, temos proposto nos projetos cada vez mais. Os grandes escritórios usam em larga escala, por ser um elemento não muito barato, seja através de marcenaria, lojas, entre outros meios, se torna uma possibilidade para alguns projetos. A gente está fazendo bastante, eu adoro o efeito”, comenta Terlizzi.


Ideal para regiões quentes, áridas e com alto nível de incidência solar, o muxarabi, ao ser usado na fachada do imóvel, promove conforto térmico à construção. Dependendo do design do muxarabi, é possível criar desenhos de luz e sombra no ambiente. Na decoração interna, pode ser utilizado como divisória de ambientes.


Fotos: Nova Decamp


Para os que contam com uma área de lazer externa, é possível apostar no uso do muxarabi em forma de pergolado, suas tramas podem seguir inclusive a arquitetura do imóvel em questão, facilitando a conexão entre os elementos construtivos.


“Dada a versatilidade do alumínio em adquirir as mais diversas formas, também surgiram soluções inovadoras de perfis tais como: lambris ripados e lambril muxarabi, que permitem facilidade de fabricação, instalação e baixo custo”, menciona Jorge Henrique, diretor comercial da Ezy Color.


MUXARABI X COBOGÓ

O cobogó é um elemento arquitetônico inventado no Brasil durante o século XX, tendo estética e forma como diferenciais. “O muxarabi é mais rebuscado e orgânico, já o cobogó remete aos traços da arquitetura moderna, sendo mais reto”, afirmou a arquiteta Joanna Marino, diretora do Grün Studio Arquitetura e Urbanismo, ao portal AECweb.


Enquanto o muxarabi nasceu em madeira, o cobogó era moldado em cimento. Com o passar do tempo, os dois começaram a ser confeccionados a partir de outras matérias-primas. Atualmente, sua estrutura é feita em diversos materiais, como madeira, cerâmica e até vidro. Assim como o muxarabi, ele também facilita a ventilação e a entrada parcial de luz natural no ambiente.


A palavra “cobogó” resulta da junção da primeira sílaba do sobrenome dos seus respectivos criadores, sendo eles: Amadeu Oliveira Coimbra, Ernest August Boeckmann e Antônio de Góis.


Nos projetos, o cobogó marca presença principalmente no período da arquitetura modernista, dentre os arquitetos brasileiros, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer foram os que mais aplicaram o cobogó em seus projetos pelo país.


Fontes: Viva Decora, AECweb, Ezy Color e Nova Decamp

V&S Blog.jpg

 Receba notícias atualizadas no seu WhatsApp gratuitamente. 

bottom of page