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ESPECIAL EDIÇÃO 123: REVESTIMENTO CONSTRUTIVO GANHA FORÇA COM ACM

Inovações e crescente variedade de padronagens impulsionam a utilização do alumínio composto em novas obras e no retrofit de edifícios


Colaborou: Débora Luz


Páginas da matéria de capa da edição 123 - jan/fev 2017/Acervo Contramarco


Os painéis compostos basicamente por duas lâminas de alumínio, ligadas por um núcleo de polietileno (termoplástico) — que atendem pela sigla acm (do inglês aluminum composite material) — estão valorizando e embelezando diversas obras pelo País.


O acm é conhecido por ser um material leve, fácil de ser conformado, com excelente planicidade e praticamente infinitas cores e padrões de acabamento. É um produto que, sem dúvida, torna a estética da fachada ainda mais atraente. O painel de acm pode, ainda, ser combinado com diversos tipos de materiais, como o vidro, o aço e o granito.


Os especialistas preveem um crescimento para a construção civil de 1,5% a 2,5% em 2017. No Brasil, entre 1995 e 2000, houve um significativo aumento do uso desse tipo de revestimento, fato que resultou na redução de preços do acm e no surgimento de muitas empresas concorrentes. Em 2000, no auge da aceitação do acm, estima-se que o

mercado tenha chegado a 500.000m² instalados. Entretanto, nos anos seguintes,

o mercado brasileiro de acm se retraiu, fazendo com que muitas empresas deixassem de oferecer o material, essencialmente importado. Sensível às flutuações do dólar, a utilização do produto acompanha o crescimento da economia e do setor da construção.


“Hoje, novamente o acm está em alta no mercado, sendo aplicado em grandes fachadas

ou em novos desenvolvimentos, como na indústria moveleira. Essas ‘descobertas de novas oportunidades’ de aplicação fizeram com que o volume crescesse muito no Brasil. A maior parte dos painéis de acm é trazida da China e de outros países. Estimase que o volume importado seja de aproximadamente 6 milhões de m²/ano”, revela o professor Alexandre Araújo, colaborador de Contramarco e coautor do livro “Revestimento em ACM – Uso na Arquitetura e Comunicação Visual: Guia Prático e Didático”.


O engenheiro Sergio Freitas, diretor comercial da Sansite, ressalta que “os painéis de acm são a melhor opção para fachadas. Por serem de fácil instalação, oferecem a possibilidade de cobrir grandes vãos, e são fáceis de ser calandrados para o revestimento de colunas, além disso a adaptação do acm nas esquadrias não requer nada de especial”.


Alexandre Araújo tem opinião semelhante à de Freitas, dizendo ainda que a variedade de aplicações dos painéis é crescente, pois, além de revestir colunas são úteis para revestir pórticos, paredes internas, luminárias e peças de mobiliário. “Outra aplicação interessante

encontra-se no revestimento de divisórias, por causa da atenuação acústica proporcionada pelo sanduíche de alumínio com termoplástico”, ponta o professor Araujo. “A indústria

já produz, inclusive, modelos de acm com espessura e pintura adequadas a essas novas aplicações”, explica, acrescentando que os painéis com espessura de 4mm são os mais utilizados em fachadas, podendo chegar, às vezes, a 6mm. “Já na comunicação visual, onde nem sempre os painéis estão sujeitos às intempéries, é possível empregar os de 3mm de espessura, com acabamento mais econômico”, observa.


Os painéis de alumínio composto têm diversas aplicações, entre elas as que mais se destacam são:


• Revestimento de fachadas de edifícios

• Revitalização de edifícios (retrofit)

• Revestimento de áreas internas, elevadores

e mobiliários

• Revestimento de colunas, vigas, coberturas

e marquises

• Sinalização, displays e letreiros

• Estandes em feiras e quiosques

• Forros e divisórias

• Postos de gasolina


RETROFIT EM FACHADAS


Para Sérgio Freitas, o uso do acm em fachadas apresenta um crescimento exponencial,

mesmo com a diminuição de projetos construtivos novos. “Há um mercado a ser explorado, o de retrofit, que é imenso, ou seja, o crescimento de consumo de acm no Brasil não tem volta e irá crescer, pelo menos, nos próximos 10 anos”, diz.


Retrofit é um termo utilizado principalmente em engenharia para designar o processo de modernização de uma obra já existente e defasada, ou seja, é uma reforma no sentido de customizar, adaptar e melhorar os equipamentos, o conforto e as possibilidades de uso

de um antigo edifício, revitalizando-o, aumentando sua vida útil ao usar recursos tecnológicos avançados em sistemas prediais com novos materiais, compatibilizando-os com as restrições urbanas e ocupacionais atuais. Não se trata simplesmente de uma reconstrução ou restauração, mas de aperfeiçoar o ambiente sem perder sua essência, de forma a preservar sua história.


“Nos últimos 30 ou 40 anos, um dos grandes aliados do retrofit é o painel de acm, que vem revalorizando inúmeras fachadas de velhos edifícios, especialmente aqueles sem estilo arquitetônico identificável ou que não estão com processo de tombamento, conservação ou restauração prevista ou encaminhada pelo Instituto do Patrimônio Histórico

e Artístico Nacional (Iphan), órgão do Ministério da Cultura, que tem em seus registros mais de 20 mil edifícios tombados, preservados ou em processo de preservação no País”, comenta o professor Alexandre Araújo. Segundo ele, edifícios com poucas décadas de uso, mas com fachadas deterioradas pelo tempo, representam uma grande oportunidade para a aplicação dos painéis de acm.


A fachada de um imóvel funciona como um cartão de visita. Nesse sentido,

o acm é um dos materiais mais adequados para sua valorização, pois proporciona em curto espaço de tempo (sem causar muitos transtornos à obra) uma transformação por completo de um prédio já existente, além de oferecer uma grande variedade de cores, padronagens e detalhes visuais atraentes à fachada.


Por ser leve, o painel de alumínio composto não sobrecarrega a estrutura do edifício. Sua fácil e rápida instalação faz com que o trabalho seja realizado sem a necessidade de desocupação do imóvel.


ALINHAMENTO ESTÉTICO


Imagem da matéria de capa da edição 123 - jan/fev 2017/Acervo Contramarco


A fixação requer cuidados de manuseio e de aplicação. Os painéis chegam à obra usinados, cortados e calandrados sob medida em processos industriais, revestidos com um filme de proteção, prontos para a execução da instalação.


Realizada por mão de obra especializada, a instalação é determinante para garantir perfeito alinhamento estético, planicidade e estanqueidade. Os painéis são parafusados ou colados sobre uma estrutura de alumínio, sendo o encontro dos painéis com o suporte de fixação o ponto mais crítico da instalação.


A fim de evitar que a superfície apresente variações, deformidades e saliências, principalmente nas juntas, é necessário garantir o correto dimensionamento das chapas e o uso adequado dos parafusos e fixações, sempre respeitando a necessidade de alinhamento de altura e largura entre os painéis.


NORMA TÉCNICA


Imagem da matéria de capa da edição 123 - jan/fev 2017/Acervo Contramarco


Desde 2006, a Norma ABNT NBR 15446 especifica os requisitos dos painéis de chapas sólidas de alumínio e dos painéis de material composto de alumínio utilizados em fachadas e revestimentos para fins arquitetônicos.


De acordo com Edgard Panzeri, proprietário da Consultoria EAP, “toda Norma Brasileira deve ser recebida como um ‘plus’, tanto para fabricantes do produto como beneficiadores do mesmo, agindo como balizadora para especificadores e compradores”. Desse modo, na visão do consultor, a norma técnica cumpre o seu papel.


Por outro lado, as técnicas de fabricação e beneficiamento do produto estão em constante evolução, surgindo a cada dia inovações que devem ser analisadas, debatidas e logicamente inseridas na norma correspondente por meio de revisões. “É necessário, sim, reavaliar os direcionamentos. Por exemplo, a NBR 15446-2006 data de mais de 10 anos”, observa Edgard Panzeri.


Segundo Sergio Freitas, a norma de acm ajuda muito na orientação do segmento e o maior problema seria o desconhecimento dela. “Vejo a necessidade de se divulgar mais a norma até mesmo na mídia voltada para o setor”, comenta o especialista.


O professor Alexandre Araújo observa que, de modo geral, a norma tem o foco voltado para a qualidade do material fabricado comercializado no Brasil e não dele processado e aplicado pelas empresas instaladoras. “Contudo, está em projeto a norma que tratará dos sistemas metálicos para revestimentos de fachadas, podendo ser vertical ou horizontal, visando o desempenho exigível, dos seus sistemas envolvendo componentes de montagem, projeto, produção, logística, instalação e manutenção. Essa nova norma sobre sistemas metálicos para revestimentos de fachadas não abordará apenas o painel de acm, mas também um conjunto de outros painéis que são fabricados com chapas metálicas de diferentes materiais, incluindo sistemas de fixação e elementos de vedação, quando o uso for necessário”, explica do professor.


“A norma vigente no País é válida desde 2006. Na época não havia uma utilização em larga escala como hoje. Para se ter uma ideia, nem mesmo os laboratórios estão preparados para todos os testes que são necessários. Por outro lado, a norma não exige testes específicos para cada projeto, nem mesmo para produtos importados que entram no País sem nenhuma exigência”, observa Elizeu Mannala, diretor comercial da Mannala.


Para Luiz Felipe Lucena, diretor da Central do Alumínio, “é necessário termos regras mais claras e contundentes que possibilitem a melhor utilização do material e a punição das más utilizações, com orientações mais claras do uso ideal”.


Sue Ellen, coordenadora técnica da Alukroma, destaca que “as normas técnicas sempre contribuem para elevar a qualidade dos produtos, mas ainda há muito trabalho para elevar o nível de conhecimento técnico do especificador e comprador, e evitar práticas comerciais indevidas”. Ela acrescenta que é importante que as demais entidades de classe (ABAL, AFEAL, entre outras) procurem dar mais atenção às práticas e qualidade dos materiais importados.


“Faço parte da comissão de normas da AFEAL e a revisão da norma está sendo estudada com base na realidade atual do mercado, visando principalmente a segurança e o desempenho do material instalado”, afirma Paloma Souza, coordenadora de desenvolvimento e mercado da Day Brasil.


Cíntia Figueiredo, coordenadora de projetos da Kawneer América Latina, conta que as normas em geral ajudam a garantir a qualidade do produto quando este chega ao consumidor. “No caso da NBR 15446, houve um grande salto na regularização da utilização das chapas, bem como sua montagem e instalação visando garantir a excelência e os cuidados necessários para que o produto tenha uma melhor vida útil e garantia, além de contribuir com sua manutenção e preservação. Porém a norma ainda tem oportunidade de tratar de outros temas de grande relevância, como requisitos de segurança contra fogo”, comenta Cíntia Figueiredo.


ESPESSURAS


A resistência de um painel de alumínio composto é determinada pelas cargas aplicadas, altura da instalação (carga de vento), condições de apoio e geometria do painel. A definição da espessura é determinada pela Norma 15446. Para casos atípicos, em que se pretende utilizar espessuras divergentes da recomendação da norma (ou seja, espessuras menores), deve-se fazer um estudo de tolerância dimensional para determinar as dimensões dos módulos e os reforços necessários.


CUIDADOS NA INSTALAÇÃO

Uma série de cuidados devem ser observados no momento de instalar os painéis de acm, que incluem desde o manuseio do material no canteiro de obras à aplicação dos elementos de vedação e alinhamentos sobre a estrutura. “Os painéis chegam à obra já usinados, cortados e calandrados sob medida em processos industriais, revestidos com um filme de proteção e prontos para a instalação. Quando a chapa é trabalhada in loco, ou seja, na obra, corre-se o risco de não se obter a mesma qualidade dos processos realizados na fábrica. A usinagem para a dobra do painel feita com máquina imprópria produz desvios em ziguezague, e a dobra fica torta e sem uniformidade”, explica o professor Alexandre Araújo.


O bom trabalho de instalação, realizado por mão de obra especializada, é determinante para conferir a estética, a planicidade e a vedação desejadas. Em geral, os painéis são parafusados ou colados sobre uma subestrutura de alumínio ou, algumas vezes, de aço. “O encontro dos painéis de acm com a subestrutura é o ponto mais delicado na instalação. Por isso é importanteque seja feito um bom dimensionamento das chapas, caso contrário a superfície irá apresentar variações, principalmente nas juntas de encontro”, sinaliza Araújo. Pelo mesmo motivo, parafusos apertados de forma excessiva e desigual, desprezando o alinhamento externo, resultam em saliências. Sendo assim, é fundamental que o instalador preste atenção no gabarito, de forma a evitar que um painel seja parafusado mais à esquerda ou à direita, criando juntas com diferentes aberturas.


OBSERVAR AS OPÇÕES


Araújo recomenda que no momento de escolher as dimensões e espessuras, o mais indicado é utilizar painéis de acm de 4mm para fachadas com alturas superiores a 8m, devido à pressão dos ventos. Para testeiras, marquises e comunicação visual, podem ser adotados painéis de 3mm de espessura. Caso seja utilizado um painel com dimensões superiores a 1,20m por 1,50m, deve-se empregar um reforço para garantir a rigidez do acm depois de instalado. “Trata-se de um reforço (perfil de alumínio) fixado no verso do painel, no meio da chapa, no sentido horizontal ou vertical, dependo da modulação do painel. O perfil deve ser colado com fita dupla-face apropriada”, observa.


“O reforço é normalmente um perfil de alumínio com 25mm ou 38mm de profundidade. Colado no painel, o reforço atua como viga em miniatura. A pressão dos ventos é transferida para o reforço, que libera a carga para as bordas e reduz a deflexão (alteração ou desvio da posição da chapa para um lado ou outro). Devido ao alto custo da fita dupla-face, é possível fazer a colagem intercalando trechos de silicone neutro e de fita”, discorre Araújo. Segundo ele, o espaçamento entre os reforços deve ser decidido no projeto, levando-se em conta fatores como robustez e extensão do próprio perfil, pressão dos ventos, deflexão permitida, espessura do acm, eficiência do fixador e distância entre os suportes estruturais.


O mercado brasileiro oferece uma crescente variedade de opções. Para conhecer as mais utilizadas, Contramarco entrevistou as principais empresas do segmento. O resultado pode ser conferido na matéria de capa da edição 123 - jan/fev 2017.

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