A história de um empresário do ramo vidreiro que não veio de sucessão familiar
Contabilista de profissão, Sandro Henrique Rensi entrou no ramo vidreiro em 1995 para gerenciar uma revenda de box e vidros temperados da marca Blindex, em Santa Catarina. Mesmo sem saber absolutamente nada sobre o ramo de negócios, ele logo percebeu a grande quantidade de erros de medição e projetos que ocorriam na revenda.
Para entender melhor sobre o ramo vidreiro e tentar reduzir os problemas que estava enfrentando, ele resolveu fazer um treinamento de 15 dias na Blindex, em São Paulo (SP), com o engenheiro Marcos Veras de Almeida, que ministrava o curso de vidraceiros. Lá, aprendeu todos os processos de desenhos, folgas e tipologias do vidro.
Após o treinamento, Rensi retornou à revenda de box e vidros temperado para ajustar todos os procedimentos na área administrativa e corrigir o que estava errado. O esforço valeu a pena, contribuindo para o crescimento da empresa.
Anos depois, por problemas pessoais, o proprietário da vidraçaria acabou abandonando o negócio, deixando para Rensi a responsabilidade de fechar a empresa, demitir os funcionários e entregar os pedidos que estavam em processo de venda.
“Havia 17 clientes que pagaram e, a princípio, não iriam receber os materiais, porque não havia recursos financeiros para a empresa honrar com os compromissos, uma vez que o proprietário sumiu”, conta Rensi. “Eu tinha dois caminhos, abandonar também a vidraçaria ou arregaçar as mangas e trabalhar”.
Mesmo não tendo a responsabilidade jurídica pelo negócio, Rensi sentiu que não podia deixar os clientes na mão. “Conversei com minha esposa e resolvemos vender o veículo dela para comprar materiais, junto com o funcionário Antonio Carlos Cimiano, que está comigo até hoje”, relembra. “E com a ajuda de Adenir Steinbach, concorrente e proprietário da Steinglass na época, conseguimos honrar todos os compromissos e atender todos os clientes”.
NEGÓCIO DE FAMÍLIA
Tempos depois, Steinbach convidou Rensi para ser vendedor da marca catarinense Steinglass e também Cimiano, para trabalhar como instalador. Convite aceito, o contabilista foi ganhando mais experiência no ramo vidreiro e conhecendo outras áreas da Steinglass, até ser convidado para uma sociedade.
Nessa nova etapa, com mais experiência e conhecimento da área, Rensi não demorou muito para comprar a outra parte da Steinglass.
Hoje, a marca pertence à família Rensi, natural de Florianópolis (SC). O proprietário comanda toda a empresa, sua esposa Cristiane Duarte Furtado Rensi cuida da área financeira e Saymon Furtado Rensi, filho e sócio, ajuda na parte de projetos e orçamentos.
Nas fotos: Sandro, Cristiane e Saymon/Divulgação
“Depois de alguns anos trabalhando na Steinglass, fui convidado para compor o time da Vidro Forte Indústria de Vidros, no Rio Grande do Sul, para abrir o mercado catarinense para a marca, com minha saída da Steinglass”, conta Rensi. “O proprietário, que já havia me passado grande parte de seus serviços diários, acabou sentindo muito minha ausência, foi aí que surgiu o convite para entrar na sociedade. Já na segunda transição, coloquei meu filho como sócio da empresa”.
A família acabou entrando na estatística de 2016 do IBGE juntamente com o Sebrae, que mostra que 90% das empresas no País são constituídas por familiares. Comum também é a sucessão familiar no setor vidreiro, com exceção de Rensi, mas que provavelmente ocorrerá quando seu filho Saymon assumir o comando.
Rensi diz que, por conta da empresa ser familiar, eles vivem “24 horas a família e a Steinglass”. Seu filho um pouco menos, pois está fazendo faculdade de Engenharia de Materiais. E confidencia que só existe uma regra: não falar sobre a empresa fora do horário comercial, principalmente quando se trata de problemas. Essa é a chave do bom entendimento, de acordo com o contabilista e empresário.
A STEINGLASS
Por estar em um ramo dinâmico, Rensi diz que sua empresa tem que se reinventar todos os dias. “Logo após eu adquirir a marca, resolvi mudar nosso produto principal. Ainda continuamos a trabalhar com vidros temperados, mas hoje nosso forte é a produção de esquadrias de alumínio”, afirma, acrescentando que precisou “voltar para a escola, pois é totalmente diferente do que fazíamos: comprar máquinas, escolher o parceiro certo para as linhas de esquadrias, contratar funcionários de produção (corte e montagem), treinar os funcionários e instalar outro tipo de abertura”. Para ele, é necessário realizar mudanças sempre que o mercado exigir. “Esse é o grande desafio”, ressalta.
Concluir uma obra, olhar para trás e ver aquele prédio pronto, com esquadrias, guarda-corpo, muro de vidro, ver que tudo deu certo e que o cliente está feliz com a escolha da Steinglass, essa é a recompensa, segundo Rensi. “Se pudesse destacar uma obra [que tem a participação da Steinglass] seria o Shopping Nações, do grupo Almeida Junior, na cidade de Criciúma (SC), pela arquitetura, pelo desafio e grandiosidade do projeto”.
Exemplos de instalações executadas pela Steinglass/Divulgação
Quais são os segredos da empresa para se manter consolidada no mercado por 24 anos? Rensi diz que a resposta é analisar o mercado com olhar de consumidor, entender as mudanças e o meio em que vivemos, não se acomodar e capacitar os colaboradores. Para ele, é assim que se dirige uma empresa.
Sobre o impacto da pandemia na Steinglass, ele relata que todos de sua equipe e família são privilegiados. “No início, claro, ficamos preocupados, mas à medida que foi passando o tempo, fomos nos adequando e tomando os cuidados necessários. Nesse período, estamos com muitas obras em andamento, por isso não afetou nosso financeiro e, consequente, a produção. Continuamos firmes e fortes, esperando o mercado reagir e as pessoas e empresas em geral voltarem à normalidade”.
Saiba mais sobre a Steinglass em: steinglass.com.br/
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