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CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS: QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS PARA AS EMPRESAS?

A demanda vem sendo impulsionada pelas mudanças climáticas, aumento das construções sustentáveis pelo mundo e preferências dos consumidores


*Por Stephanie Fazio


Maquete de casa com painel solar
Divulgação

De acordo com o ranking da United States Green Building, referente a 2023, o Brasil é o quarto país com maior número de construções sustentáveis no mundo. Um levantamento realizado pela Amcham Brasil indica que 71% das empresas participantes estão no estágio inicial (45%) ou avançado (26%) de implementação de práticas de Governança ambiental, social e corporativa (ESG, em inglês). A pesquisa, que contou com 687 respondentes, mostra um crescimento de 24 pontos percentuais na curva de adoção das práticas ESG em relação ao levantamento de 2023.


A demanda vem sendo impulsionada pelas mudanças climáticas e pelo aumento das construções sustentáveis pelo mundo. Além disso, os consumidores estão demonstrando preferência por produtos e serviços que são produzidos de forma sustentável, socialmente responsável e em conformidade com boas práticas de governança corporativa. “Eles estão mais conscientes sobre o impacto ambiental e social de suas escolhas de consumo e procuram marcas que compartilhem de seus valores”, diz Letícia Málaga, advogada e sócia do Peck Advogados.


Segundo o Prof. Dr. Rodrigo Geraldo, coordenador da graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário Facens, ser sustentável é uma necessidade social e faz parte da estruturação, inclusive, de um Plano Diretor de Tecnologia de Cidade Inteligente (PDTCI). “A edificação sustentável é um componente de suma importância para que uma cidade seja inteligente, uma vez que se adere a eixos como urbanização, energia, meio ambiente, saúde e qualidade de vida. Uma edificação sustentável terá impactos diretos em todos eles e nas definições das soluções que a cidade irá propor para cumprir um plano como esse”, diz.


O setor da construção civil pode se beneficiar com a implementação de práticas relacionadas ao ESG, considerando os desafios não somente ligados aos temas ambientais, mas também de governança e sociais. 


“A responsabilidade ambiental das empresas que atuam em toda a cadeia da construção civil é enorme, na medida em que envolve desde o alto consumo de recursos naturais, mas também são grandes geradoras de resíduos e emissão de poluentes. Neste contexto, surgem oportunidades através da aplicação e uso de tecnologias para maior eficiência energética e redução de resíduos, desenvolvimento e utilização de materiais sustentáveis a fim de reduzir ou mitigar o impacto ambiental e a emissão de poluentes e gases”, afirma Letícia.


Na prática, de acordo com o especialista, uma obra sustentável e inteligente precisa de profissionais que buscam implementar esses conceitos em todas as etapas, da concepção à entrega. “Durante os processos produtivos, é preciso pensar nos materiais e nas técnicas que serão utilizadas para reduzir impactos no meio ambiente. Por exemplo, é possível optar por materiais naturais e diminuir aqueles que são tóxicos para o meio ambiente, maximizar o uso de luz solar, de luz natural, evitando o consumo excessivo de energia; diminuir o desperdício de água na edificação e criar ambientes que têm conforto térmico”, explica. 


Com relação aos stakeholders, ou seja, investidores, clientes e sociedade em geral que se relaciona com as empresas do setor de construção civil, ela aponta que há cada vez mais a exigência de transparência em seus processos e adoção de práticas sustentáveis, já que os impactos são expressivos. Como reflexo da adoção de políticas ESG, as empresas podem se beneficiar de melhor reputação e a consequente atração de investidores e clientes que acreditam e valorizam as práticas sustentáveis.


“No longo prazo, estas práticas se refletem em benefícios financeiros e valorização da empresa e de suas ações no mercado, como vantagem competitiva em um mundo cada vez mais exigente com relação aos temas de sustentabilidade”, avalia a advogada. Rodrigo explica que existem certificações como os selos LEED (Leadership in Energy and Environmental Design ou Liderança em Energia e Design Ambiental) e AQUA-HQE™, concedidos para construções que cumprem critérios de ordem ambiental, social, minimizam resíduos, promovem a economia de água, energia, entre outros. “Uma vez que esses itens são cumpridos e a edificação recebe essa certificação, é uma forma de conscientizar e tornar público que aquela obra foi executada dentro desses parâmetros. Isso tende a aumentar cada vez mais.”


Letícia também considera a inclusão no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), que avalia o desempenho das empresas listadas em termos de sustentabilidade. “As empresas são avaliadas com base em critérios estabelecidos pela B3, que abrangem áreas como governança corporativa, questões ambientais, responsabilidade social, ética e transparência e isso pode se refletir também no aumento do valor das ações”, explica.


O ESG É LUCRATIVO PARA AS EMPRESAS?


Prédio e natureza
Divulgação

A implementação de práticas ESG pode ser lucrativa para as empresas, variando de acordo com o setor de atuação e porte. Letícia cita como pontos relevantes a redução de custos operacionais, como eficiência energética, gestão de resíduos e otimização de recursos, gerando assim economia nos custos, evidenciadas através de transparência financeira.


Por outro lado, pode representar também um aumento de receita, com a demanda de novos produtos e serviços sustentáveis, além da reputação positiva, que reflete maior interesse pelos investidores e consequente reflexo na valorização das ações, com maior acesso a capital de baixo custo, incluindo taxas menores de juros e mais financiamentos subsidiados, segundo a advogada.


“Para evidenciar a lucratividade do ESG, é necessária uma análise cuidadosa dos dados financeiros, incluindo custos, receitas, acesso a capital e desempenho das ações, juntamente com uma compreensão das tendências do mercado e das preferências dos investidores e clientes. Estudos de caso e exemplos de empresas que implementaram com sucesso práticas sustentáveis também podem ser úteis para demonstrar os benefícios financeiros e atrair novas empresas do setor para as práticas sustentáveis”, diz Letícia.   


Para o professor, o ensino superior tem um papel crucial no desenvolvimento de processos e de produtos que sejam mais sustentáveis para a construção civil, desenvolvendo profissionais que saibam aplicar as técnicas e materiais mais sustentáveis, e também conscientes da relevância de se considerar esses aspectos. 


“A Facens é um Smart Campus, um laboratório vivo onde pesquisamos materiais, processos e técnicas construtivas que sejam menos impactantes em termos ambientais. Também é papel da academia avaliar novos produtos do mercado para atestar que atendam aos critérios mínimos estabelecidos por normas técnicas vigentes, provando a viabilidade técnica, econômica e ambiental dos mesmos. E por último, experimentar. Nossos alunos dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia Civil desenvolvem durante toda a graduação projetos e pesquisas sobre construções mais sustentáveis, gerando protótipos e avaliando o desempenho térmico dos materiais e edificações propostas”, conclui.


Fontes: Tamer Comunicação/CDI Comunicação

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