Componentes nas esquadrias contribuem para a segurança e o conforto da edificação
- Equipe Contramarco
- há 7 horas
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Responsáveis por funções como controle de entrada da luz solar, ventilação do ambiente interno e controle acústico e térmico, as esquadrias podem ser classificadas de acordo com sua função, material ou forma de abertura. Portas e janelas são fabricadas principalmente em alumínio, PVC, aço ou madeira e cada material oferece características específicas de durabilidade, resistência e eficiência térmica.
Entretanto, sem os componentes adequados para seu reforço e segurança, as esquadrias perdem desempenho e podem representar riscos. Acidentes envolvendo desprendimento de folhas e falhas de vedação são frequentemente associados ao uso de acessórios inadequados ou à falta de manutenção.
Os componentes são essenciais para garantir segurança, funcionalidade, conforto termoacústico e desempenho ao longo da vida útil do produto. Por isso, a escolha correta desses itens impacta diretamente o resultado final das esquadrias.
Com o objetivo de esclarecer dúvidas sobre esses elementos, a reportagem ouviu Jefferson Silva, gerente de Engenharia de Produto da Udinese Assa Abloy, e Eduardo Salvador, diretor da Pichu Componentes, duas empresas referências no desenvolvimento desses produtos para portas e janelas.
As empresas
A Udinese, adquirida pelo grupo internacional Assa Abloy em 2016, possui um portfólio diversificado de componentes para esquadrias de alumínio, madeira e PVC. A empresa destaca o uso de ligas metálicas e acabamentos de alta performance, acompanhados de testes rigorosos de durabilidade, resistência à corrosão e ciclos de abertura e fechamento.
Fundada em 1983, a Pichu se consolidou como fornecedora de componentes para esquadrias e acessórios para a construção civil. Após um processo de reestruturação tecnológica em 2007, ampliou sua capacidade produtiva, oferecendo itens como roldanas, guias, cantos, tampas, canoplas e acessórios para gradis, portões, sistemas de vidro e outros tipos de fechamentos.
Qualidade, durabilidade e manutenção dos componentes
Segundo Eduardo, da Pichu, o método é realizado por meio de ensaios laboratoriais. Nesses testes, o componente é instalado na esquadria e submetido a ciclos de abertura e fechamento, simulando o uso real, como no caso de janelas acionadas repetidamente por um equipamento específico. Após os testes, são verificadas possíveis folgas, ruídos ou desgastes que possam comprometer o desempenho ao longo do tempo.

Ele reforça que apenas laboratórios acreditados pelo Inmetro são reconhecidos para esse tipo de ensaio.
Já Jefferson, da Udinese, destaca que a durabilidade está diretamente relacionada à qualidade da matéria-prima, ao processo de fabricação e ao controle de qualidade. Ele reforça que na Udinese todos os componentes passam por testes de desempenho, resistência à corrosão, carga e ciclagem. Além disso, são utilizadas ligas metálicas e acabamentos de alta performance, garantindo maior confiabilidade, inclusive em condições severas.
Sobre manutenção, os fabricantes devem fornecer um manual de orientações específicas para cada tipo de esquadria. No caso de janelas e portas de correr, é fundamental manter trilhos e o marco inferior sempre limpos, evitando o acúmulo de poeira, que pode endurecer com o tempo e prejudicar o funcionamento das roldanas, resultando, inclusive, na troca prematura dessas peças.
Como os componentes reagem a intempéries?
Jefferson, da Udinese, explica que os componentes são desenvolvidos para atender às normas de desempenho aplicáveis ao setor. Segundo ele, os produtos passam por ensaios em Centro Tecnológico próprio e também em laboratórios credenciados, onde são avaliados quanto à estanqueidade, resistência mecânica e pressão de vento, conforme a ABNT NBR 15969, ABNT NBR 10821 e demais normas relacionadas. Esses testes, reforça o diretor, garantem desempenho adequado para diferentes regiões e tipologias de edificações.

Eduardo, da Pichu, complementa afirmando que a resistência aos ventos é um fator essencial, especialmente em áreas sujeitas a pressões mais elevadas. O uso inadequado ou a seleção incorreta dos componentes pode levar ao desprendimento da folha da esquadria, gerando riscos de segurança. Como exemplo, ele cita as articulações (braços), que são submetidas a ensaios com carga aplicada para simular situações como rajadas de vento. Após cada teste, são avaliadas possíveis deformações e desgaste. Pode ocorrer torção durante o ensaio, o que pode afetar o funcionamento, porém a ruptura não é aceitável, já que isso poderia causar o desprendimento da folha.
Quanto à adequação para regiões litorâneas ou com alta incidência de intempéries, o representante da Pichu destaca que é importante observar os materiais utilizados na fabricação, principalmente os elementos de fixação.
O uso de aço inox, por exemplo, indica maior atenção à proteção contra oxidação. Além disso, a presença de caixas de dreno e vedadores adequados demonstra que o sistema foi projetado para suportar maior umidade, vento e salinidade. Ele reforça que a especificação deve ser definida antes da fabricação, considerando localização, tipo de ambiente e altura da edificação, garantindo que os componentes atendam às condições previstas.
Jefferson acrescenta que, em áreas com alta umidade, salinidade ou ventos intensos, é essencial optar por esquadrias com tratamento anticorrosivo, como: pintura eletrostática, anodização reforçada e componentes em aço inox, também recomendando consultar sempre o fabricante para confirmar a compatibilidade do sistema com o ambiente onde será instalado.

Compatibilidade com diferentes tipos de vidro
Sobre a relação com os vidros, Eduardo explica que, de forma geral, os componentes são compatíveis com laminados e temperados. Entretanto, quando o projeto utiliza vidros insulados (duplos), podem ser necessários componentes especiais, já que a folha precisa ter estrutura reforçada para acomodar o conjunto.
Jefferson complementa dizendo que os componentes da Udinese são projetados especialmente para garantir segurança e desempenho em diferentes configurações.
“A escolha entre vidro laminado, temperado ou insulado deve considerar o nível de desempenho desejado — conforto acústico, eficiência térmica, estética e segurança”, afirma.

Normas técnicas e conformidade dos componentes
Questionados sobre as normas que orientam o setor e como garantir que os fornecedores estão em conformidade, os representantes reforçaram a importância da observância às exigências técnicas desde o desenvolvimento até a aplicação dos componentes.
Jefferson informa as principais normas que norteiam o mercado são:
ABNT NBR 15969 – estabelece os requisitos e métodos de ensaio para componentes de esquadrias;
ABNT NBR 13053 – fechaduras de embutir para portas de correr;
ABNT NBR 14913 – fechaduras de embutir em geral;
ABNT NBR 14718 – requisitos para guarda-corpos;
ABNT NBR 10821 (Partes 1 a 6) – desempenho de portas, janelas e fachadas-cortina;
ABNT NBR 15575 – norma de desempenho das edificações habitacionais.
“Essas normas garantem que o produto final atenda a critérios essenciais de estanqueidade, resistência, durabilidade e conforto”, reforça Jefferson. Ele também destaca que o grupo Assa Abloy segue padrões internacionais de qualidade e segurança.
Eduardo complementa explicando que a ABNT NBR 15969 é a base para a regulamentação dos componentes, pois define parâmetros claros para garantir sua segurança e desempenho, contribuindo diretamente para o atendimento da ABNT NBR 10821, referência no desempenho de esquadrias.
No caso de fachadas, ele lembra que podem entrar em aplicação normas como:
ABNT NBR 7199 – projeto e aplicação de vidro na construção civil;
ABNT NBR 15446 – sistemas de fachada.
No quesito verificação do fornecedor que está realmente em conformidade, ambos apontam o mesmo caminho: laudos de ensaio emitidos por laboratórios creditados.
Eles também destacam que não há, atualmente, uma entidade que realize inspeção direta e contínua junto às fabricantes — o que torna a transparência documental ainda mais importante.
Fachadas antigas precisam ser adaptadas às novas condições climáticas?
Destacando que o aumento da intensidade de chuvas, ventos e demais eventos climáticos exige atenção especial, Eduardo ressalta que existem normas técnicas da ABNT que orientam processos de manutenção, reforço e retrofit, garantindo que o sistema continue atendendo aos requisitos de desempenho ao longo do tempo, afirmando que por envolver diretamente segurança e bem-estar, é recomendável que fachadas de edifícios mais antigos passam por revisões e adaptações.

Jefferson reforça a ideia afirmando que condições climáticas mais severas podem fazer com que fachadas antigas deixem de cumprir os níveis de estanqueidade, isolamento e segurança exigidos atualmente. Por isso, recomenda-se:
Revisões periódicas por profissionais especializados
Verificação da vedação, fixação e funcionamento dos componentes
Substituição de sistemas antigos por soluções mais modernas e resistentes, quando indicado
“O retrofit, quando bem especificado, pode restaurar o desempenho e aumentar a vida útil do sistema”, observa o representante da Udinese.
Impacto ambiental dos materiais e alternativas mais sustentáveis
Por fim, referente à sustentabilidade, Eduardo, da Pichu, destaca que a escolha dos materiais realmente tem impacto ambiental, mas lembra que os principais elementos utilizados em esquadrias — alumínio, vidro e polímeros — possuem vantagem importante: alta reciclabilidade. Além disso, sua durabilidade e capacidade de contribuir para a eficiência energética das edificações reforçam seu uso como soluções sustentáveis.

Jefferson, da Udinese, complementa que a empresa adota práticas de ecoeficiência, priorizando:
Matérias-primas recicláveis
Processos produtivos de baixo impacto
Produtos com longa vida útil
Ele destaca também o uso de aço inoxidável, alumínio com anodização reforçada e polímeros de alta resistência, principalmente para projetos expostos a maresia ou umidade elevada. “Escolher materiais duráveis e certificados reduz a necessidade de substituição e diminui o impacto ambiental ao longo do ciclo de vida da edificação”, finaliza.
Colaborou: Leonardo Matias Simões (Estagiário); com informações de: pichu.com.br e udinese.com.br/pt




