*Por André Henning
A experiência do cliente em ambientes de lazer vai além do momento presente, continua existindo nas redes sociais, e não só como fotos. O próprio Instagram, que nasceu dedicado às fotografias, vem mudando seu formato e favorecendo a publicação de vídeos, como os reels. Isso muda também a relação do cliente com o ambiente, o que afeta como o empreendimento é visto tanto no local quanto no virtual.
Não é de hoje que os bares, por exemplo, apostam em um “cantinho instagramável”, um espaço com painel e logo da casa, no qual as pessoas posam para fotos, geralmente logo na chegada ao ambiente, um espaço que está em desuso. Ainda que algumas pessoas parem para esse momento, muitos já chegam no bar com o celular em mãos, transmitindo toda sua experiência no ambiente.
O hábito das pessoas nas redes sociais tem mudado. Seguindo esse favorecimento das próprias redes pelos vídeos, os usuários têm apostado mais nesse formato, destacando a si mesmos e os espaços que frequentam. O ambiente fica em evidência e dá esse destaque a quem registra. Essa forma que compartilhamos nossos interesses afeta também a maneira como se desenvolvem os projetos. Se o registro vai além de uma foto parada, que opções de cenários e ambientes o estabelecimento oferece ao cliente? Se alguém faz um vídeo em 360o do ambiente, que imagem isso passa do local, que vá além de um painel físico? A visão do cliente e do que vai para as redes é muito mais dinâmica.
Já não se pode contar com um painel isolado que precisa ser encaixado na foto. Todo o espaço precisa criar uma experiência completa. Os empresários devem ter em mente a mudança da tecnologia juntamente com a adaptação de seus negócios para as formas atuais de compartilhamento. Essas mudanças são bruscas em forma de como se divulga algo nas redes e podem alterar em muito a experiência do cliente e o faturamento do empresário.
Reprodução: WEG e TechTudo
Pode-se pensar em uma Arquitetura de Compartilhamento. Como o design do espaço pode levar o cliente a se sentir confortável e estimulado a registrar o estabelecimento? Por exemplo, com a criação de variadas áreas para fotos e vídeos dentro do espaço com luz apropriada para o registro de imagens. O uso de frases divertidas, geralmente com luz neon, e artes coloridas e originais são algumas tendências que geram bons resultados.
Não são “cantinhos” isolados apenas para foto, mas são partes da ambientação que despertam a curiosidade e dialogam com o momento, com a emoção do cliente dentro da experiência vivida. E há ainda muitas outras possibilidades a serem exploradas.
Quando a experiência positiva do cliente se alinha com uma boa foto ou reels (que depende também de espaço apropriado, iluminação e criatividade do design, entre outros fatores), ganha-se duas vezes: com o cliente que saiu satisfeito e com o registro que fez do local, que agora será visto nas redes sociais de forma orgânica e demonstrando um pouco da experiência de estar presente no estabelecimento.
* André Henning é arquiteto referência em gastronomia, entretenimento e empresarial. O arquiteto também é empresário do grupo Go Coffee.
