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ARQUITETURA HOSPITALAR: QUAL O TIPO DE ESQUADRIA IDEAL?

*Por Emanuelle Ormiga, sob supervisão da profissional habilitada Stephanie Fazio


Reprodução: Archtrends Portobello

Reprodução: AMIB

A arquitetura hospitalar passou por grandes mudanças ao longo do tempo, porém já é de longa data que tais projetos arquitetônicos visam melhorar a saúde e o bem-estar dos pacientes em seu espaço. Ainda em 1853, Florence Nightingale (reformadora social inglesa, esteticista e fundadora da enfermagem moderna, que ganhou destaque ao servir como chefe e treinadora de enfermeiras durante a Guerra da Crimeia – península situada ao sul da Ucrânia), por exemplo, já pensava nisso enquanto cuidava dos enfermos da batalha.


Visando conceitos como ventilação, iluminação e higiene, a enfermeira pioneira estabeleceu um novo modelo de espaço de internação, inspirando, assim, a divisão clínica de hospitais. Esse padrão é utilizado e aperfeiçoado ainda nos dias atuais com o objetivo de desenvolver espaços funcionais, que auxiliam na recuperação do paciente e ainda promovam comodidade de familiares e colaboradores.


A arquitetura hospitalar está ligada diretamente à prevenção e promoção da saúde, tornando-se uma grande influência na recuperação do paciente, focado em higiene e tecnologia. Antes considerados frios e impessoais, os ambientes hospitalares transmitem a sensação de distância e insegurança ao paciente e familiar.


São inúmeros os fatores que têm influência direta na saúde, bem-estar e recuperação do indivíduo por meio da arquitetura hospitalar. Entre eles, a ventilação natural, que permite a renovação constante do ar presente no ambiente, além disso, auxilia no combate às infecções e transmissão de doenças por meio da incubação de microrganismos presentes na atmosfera.


Em casos de doenças transmissíveis, o isolamento também é criado de forma segura e eficaz, com o objetivo de permitir a recuperação do paciente sem que ocorra o contágio de outros, assim como da equipe, e ainda permite que o indivíduo se sinta confortável e assistido sem se sentir excluído.


Para isso, é recomendável o uso do vidro insulado, que garante a isolação através do seu sistema duplo de envidraçamento com camada de ar desidratado, fazendo com que a contaminação seja muito mais difícil, além de promover o isolamento térmico e acústico. Devido à câmara de ar desidratado dentro do sistema, as ondas sonoras e a transferência de calor encontram dificuldades para atravessar a peça, preservando os aparelhos hospitalares e também o conforto dos pacientes.


Em monografia de especialização em arquitetura de sistemas de saúde de Marcia Matos, publicada em 2008 na Universidade Federal da Bahia, destaca-se algumas normas em relação às esquadrias dos estabelecimentos assistenciais de saúde, a fim de atender às necessidades dos pacientes. O levantamento de dados foi realizado através da observação dos detalhes arquitetônicos das unidades visitadas e também por meio de entrevistas com os profissionais de saúde que acompanharam a visita. No hospital público, a entrevistada foi uma auxiliar de enfermagem, e do hospital filantrópico, uma médica. Veja a seguir.


PORTAS


Segundo a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC 50) – norma que dispõe sobre o regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde – da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no ano de 2002, as portas utilizadas para a passagem de camas/macas, como por exemplo, as portas de acesso aos quartos ou enfermarias, devem ter dimensão mínima de 1,1m (vão livre) x 2,1m. As portas devem possuir visores e as maçanetas precisam ser do tipo alavanca ou similares.


De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - NBR 9050, 2004 - as portas podem ser de uma ou duas folhas. Para o caso desta última, pelo menos uma delas deve ter o vão livre de 80cm e possuir visores. Recomenda-se ainda que “as portas tenham na sua parte inferior, inclusive no batente, revestimento resistente a impactos provocados por muletas e cadeiras de rodas, até a altura de 4cm a partir do piso”. Orienta-se também que “as portas devem ter condições de serem abertas com um único movimento e suas maçanetas precisam ser do tipo alavanca, instaladas a uma altura entre 90 cm e 1,1m”.


Segundo a RDC 50, as portas dos banheiros devem ter dimensões mínimas de 0,8m (vão livre) x 2,1m e abrir para fora do ambiente, a fim de que sejam abertas sem necessidade de empurrar o paciente eventualmente caído atrás da porta. “As esquadrias devem ser dotadas de fechaduras que permitam facilidade de abertura em caso de emergência e barra horizontal a 90cm do piso”.


De acordo com a ABNT – NBR 9050, “as portas de sanitários, vestiários e quartos acessíveis em locais de hospedagem e de saúde devem ter um puxador horizontal, associado à maçaneta. Tem que estar localizado a uma distância de 10cm da face onde se encontra a dobradiça e com comprimento igual a metade da largura da porta”.


JANELAS


Segundo a funcionária entrevistada no hospital público, a ventilação natural é constante, quase sempre, a iluminação natural e artificial são suficientes. A enfermaria não possui climatização artificial. Com relação aos ruídos externos, ela afirma que não causam transtornos, pois a edificação fica afastada da rua principal, mas os ruídos internos são inevitáveis.


Segundo a médica entrevistada no hospital filantrópico, a ventilação natural é inconstante, a iluminação natural e artificial são suficientes. A enfermaria não possui climatização artificial. Com relação aos ruídos externos e internos, a situação foi a mesma do hospital público.


Reprodução: Sidnoia Porto

Para o conforto higrotérmico (ausência de desconforto térmico) e luminoso, a RDC 50 considera como regra básica para todos os Elementos Anormais e Sedimentoscopia (EAS, composto pelos exames físico, químico e microscópico) que: “nenhuma janela de ambientes de uso prolongado poderá possuir afastamentos menores do que 3m em relação a empenas de qualquer edificação. Nos demais espaços, esses afastamentos não poderão ser menores do que 1,5m, exceto banheiros, sanitários, vestiários e depósito de material de limpeza, que poderão ser ventilados através de poços de ventilação ou similares”.


Ainda segundo esta resolução, as internações “carecem de condições especiais de temperatura, umidade e qualidade do ar, devendo-se buscar as melhores condições das mesmas por meio de ventilação e exaustão diretas”. E também “carecem de condições especiais de iluminação, no sentido de necessitarem de incidência de luz de fonte natural direta no ambiente.”


De acordo com a ABNT – NBR 9050, 2004, a altura das janelas deve considerar os limites de alcance visual, exceto em locais onde deva prevalecer a segurança e a privacidade. Cada folha ou módulo de janela deve poder ser operado com um único movimento, utilizando apenas uma das mãos. Não há dimensões mínimas pré-estabelecidas para as janelas dos quartos e enfermarias pediátricas. As dimensões mínimas referentes às janelas externas da edificação devem ser obtidas através do código de obras local com vistas a se obter conforto higrotérmico e luminoso, que em geral não deve ser inferior ao resultado da fração de 1/5 da área do ambiente.


Com relação à altura do peitoril das janelas, deve-se ter uma preocupação especial por questões de segurança e de conforto visual do paciente pediátrico. Ao mesmo tempo em que as janelas não devem ser facilmente acessíveis pelas crianças sob pena de correrem riscos de acidentes, também não se deve privá-las da paisagem exterior, que deve estar à altura dos seus olhos. A utilização de telas na janela pode auxiliar na prevenção de acidentes, possibilitando baixa altura do peitoril.


Fontes: Archtrends Portobello / Divinal Vidros / Wikipédia / Monografia de especialização em arquitetura de sistemas de saúde: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/monografias/detalhes_arquitetonicos_unidades_internacao.pdf

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