A LONGEVIDADE DA FACHADA EM ACM: Além do Revestimento e em Busca da Qualidade Integral
- Johnny Vieira De Souza, arquiteto
- 8 de ago.
- 4 min de leitura
*Por Johnny Vieira de Souza – Consultor de ACM, responsável pelo departamento de projetos da Projeto Alumínio, diretor técnico da Móduly Solutions, arquiteto e professor universitário. Contribuição: Ruy Koga – Engenheiro responsável técnico de produtos, pesquisa e desenvolvimento da Projeto Alumínio.
As fachadas em Alumínio Composto (ACM) transformaram a paisagem urbana com sua versatilidade, estética moderna e facilidade de manutenção. Contudo, a verdadeira durabilidade e segurança de uma fachada em ACM não residem apenas na beleza de suas chapas, mas na qualidade e compatibilidade de todo o sistema construtivo, que inclui elementos frequentemente invisíveis, como os fixadores e a subestrutura. Este artigo explora a importância de uma abordagem sistêmica, focando na tecnologia das pinturas do ACM e na resistência à corrosão dos elementos de fixação, fundamentais para que as "soluções durem".
A Fachada Como um Organismo Vivo: Além do Revestimento
É essencial compreender que a fachada moderna opera como um sistema integrado. Recentemente, a nova norma ABNT 16.951:2021 reforçou essa visão, determinando que o comportamento da fachada deve ser avaliado em sua totalidade, incluindo espaçadores, subestruturas e fixadores, especialmente em relação à propagação de incêndios e colapso. Tal perspectiva ressalta que a longevidade e a segurança dependem da resistência conjunta de todos os seus componentes.
Um episódio marcante, ocorrido em 2023, reforça essa necessidade: o Ed. Plaza Centenário teve parte do ACM de sua fachada, com 28 anos de instalação, desprendido da edificação com a passagem de um ciclone extratropical. O fato ganhou relevância na época, devido ao perigo exposto com o desprendimento de parte dos painéis aos transeuntes e edificações próximas (leia mais aqui).
Corrosão: O Inimigo Silencioso dos Fixadores
Enquanto o ACM pode ter uma vida útil considerável – chegando a 30 anos em versões como o Coastal, indicado para áreas litorâneas –, os elementos de fixação nem sempre recebem a atenção devida. Ensaios rigorosos mostram que materiais compostos de aço comum, por exemplo, são severamente danificados pela corrosão em testes acelerados.

A razão é que, no ferro (componente principal do aço), a camada de óxido formada se desprende facilmente em escamas e, portanto, a oxidação tende a remover mais material, acabando por enfraquecer a estrutura. Em contraste, no alumínio, o óxido é firmemente ligado, e no aço inoxidável, a presença de cromo forma uma camada protetora que confere alta resistência à corrosão.
Ainda assim, mesmo o aço inoxidável não está imune à corrosão. Fatores como a concentração de cromo, a presença de íons de cloro (comuns em ambientes próximos a piscinas ou marinhos) e o contato entre metais de potenciais diferentes (corrosão galvânica) podem afetar sua resistência. A corrosão galvânica, em particular, é crucial: quando fixadores de aço inox são utilizados com ACM, o alumínio do painel pode atuar como o metal "sacrificado", corroendo-se para proteger o inox.
Para assegurar a mesma longevidade do material, os materiais de fixação também serão submetidos às mesmas condições do ACM. Na Projeto Alumínio, todos os lotes de materiais, incluindo fixadores, são submetidos a ensaios de corrosão cíclica ASTM G85. Este teste, mais agressivo e representativo das condições reais do que o salt spray convencional, permite observar o desempenho da pintura e dos metais em diferentes condições ambientais, com ensaios que podem se estender por até 2000 horas em casos de maior criticidade.

Para avaliar a resistência à corrosão em Painéis Composto de Alumínio (ACM), é comum criar intencionalmente um ponto vulnerável. Isso é feito removendo a camada de tinta do alumínio, criando um "risco" que serve como uma porta de entrada para a corrosão se propagar. Esse método é utilizado em testes como o ensaio de corrosão cíclica ASTM G85. Nele, a durabilidade do ACM é rigorosamente testada: um ACM de alta qualidade consegue resistir por 2.000 horas sem apresentar nenhuma alteração no trecho riscado, demonstrando excelente resistência à corrosão. Por outro lado, um ACM de baixa qualidade começa a apresentar sinais de corrosão com apenas 500 horas de ensaio, indicando uma durabilidade significativamente menor. Essa diferença ressalta a importância de escolher materiais de ACM de alta qualidade para garantir a longevidade e a integridade de projetos expostos a ambientes corrosivos.
A Projeto Alumínio, líder em fornecimento de painéis de ACM de alta performance, possui infraestrutura composta por três laboratórios, que atestam a qualidade do ACM desde o processo de chegada da tinta, aplicação no alumínio, até o ACM pronto, como produto acabado. Os testes são realizados por lote, o que garante que nenhum material saia do parque fabril sem a devida validação de performance. Esta política da empresa é traduzida por um ACM com alta qualidade e totalmente compatível com a sua finalidade de aplicação.
Conclusão: Um Investimento na Qualidade Integral
A vida útil e o desempenho de uma fachada em ACM são o resultado da sinergia entre a qualidade do painel de ACM e a resistência de seus componentes de fixação e subestrutura. Como demonstrado, testes preliminares são essenciais, e ensaios prolongados, realizados pela Projeto Alumínio, asseguram que não haverá problemas futuros, especialmente em aplicações críticas.
Ao especificar uma fachada, é crucial olhar além da beleza aparente do ACM e considerar a robustez de cada elemento que compõe o sistema, incluindo os fixadores e subestrutura. Optar por materiais e tecnologias que ofereçam garantia de durabilidade compatível, e que passem por testes rigorosos de corrosão, é um investimento inteligente que garante a longevidade, segurança e integridade de sua obra. Somente assim as fachadas em ACM continuarão a ser soluções que verdadeiramente "duram".

*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.