As "doenças" das obras podem aparecer em qualquer momento e comprometer as estruturas das edificações
Assim como o corpo humano, as edificações também sofrem de patologias, que podem acometer suas estruturas e comprometer a edificação, essas “doenças” são chamadas de patologias das construções.
Uma manifestação patológica é definida pela norma de desempenho NBR 15575 — Edificações Habitacionais — Desempenho como uma irregularidade que se manifesta no produto em função de falhas no projeto, na fabricação, na instalação, na execução, na montagem, no uso ou na manutenção, bem como problemas que não decorram do envelhecimento natural, de acordo com o site Sienge.
Segundo o portal Stant, desde os primeiros momentos, logo após a realização da concretagem, a tendência natural é que as partículas sólidas que compõem o concreto comecem a ir para baixo. Ocorre perda de água e ar durante todo o processo, o que provoca uma redução da massa ainda em estado chamado “plástico”, que significa que ainda não está dura. Durante a concretagem e o adensamento do material, caso alguma ação impeça que o concreto vá secando de forma homogênea, podem surgir as patologias que prejudicam a obra e chegam até a inviabilizar a continuidade dos projetos, por exemplo.
As patologias podem aparecer em momentos diferentes em qualquer projeto, inclusive anos após a entrega do empreendimento. Entretanto, a atenção e cuidados podem evitar o aparecimento de problemas ou até mesmo possibilitar que sejam resolvidos de modo mais prático.
Nesta matéria, será possível entender as principais causas e como evitar as patologias das construções.
PRINCIPAIS CAUSAS
A elaboração e execução do projeto são as primeiras garantias para que não aconteçam imprevistos na obra. Quando esta etapa do empreendimento é incompleta ou aponta informações incorretas, todas as demais fases da obra ficam comprometidas.
A qualidade do material, a forma como é utilizado e armazenado e a falta de supervisão são fatores que influenciam de forma direta se uma obra terá ou não determinadas patologias. É muito importante que todas as leis e normas que determinam padrões de qualidade para construções sejam seguidas, de acordo com o portal Stant.
A utilização de uma plataforma de gestão de obras também é fundamental para a garantia de que todos os pontos sobre o projeto, desde a sua elaboração, sejam devidamente analisados e as melhores decisões sejam tomadas por toda a equipe.
Felipe Lima Engenheiro civil, professor e consultor em patologia das construções e fundador da Adpat Brasil, menciona cinco manifestações patológicas mais recorrentes em construções, destacam-se: fissuras em alvenarias, revestimentos e estruturas; umidade e infiltração, causadas por falhas de estanqueidade e impermeabilizações; corrosão das armaduras em estruturas de concreto armado; desplacamento de revestimentos cerâmicos; e manchas de mofo e bolor em revestimentos.
DIAGNÓSTICO DO PROBLEMA
O diagnóstico de manifestações patológicas varia conforme o sistema inspecionado, mas alguns dos principais equipamentos incluem: martelo de percussão para verificar som cavo, câmera termográfica para detectar presença de umidade e deslocamentos, drones para análise de áreas inacessíveis, detectores de umidade, ferramentas de perfuração e corte para abertura de janelas de inspeção, dinamômetro para avaliar resistência de aderência, esclerômetro para avaliar a resistência superficial do concreto, entre outras ferramentas, conforme Lima.
No entanto, a inspeção sensorial, conforme descrita na NBR 16747 — Inspeção predial - Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento, também é uma ferramenta importante. “Nossos sentidos — visão, audição e tato — são indispensáveis na detecção preliminar de sinais de manifestações patológicas”, diz.
COMO EVITAR AS PATOLOGIAS?
“A prevenção das manifestações patológicas começa com a elaboração de projetos bem detalhados, considerando soluções que minimizem o risco de falhas futuras. Durante a construção, a escolha de materiais adequados, com durabilidade e compatíveis com o ambiente é crucial, assim como garantir uma execução correta das técnicas construtivas, atendendo às normas técnicas, boas práticas e especificações dos fabricantes”, afirma Lima.
Em sua visão, já na fase de manutenção, é essencial adotar um plano de manutenção preventiva, que inclua inspeções periódicas e correções de pequenas anomalias, antes que se tornem graves, além da atualização constante de um manual de manutenção. “A manutenção preventiva é vital para prolongar a vida útil da edificação e evitar custos elevados de reparos em decorrência de negligências”, analisa.
Confira abaixo cinco dicas finais para evitar patologias de obras, segundo o portal Sienge:
Projeto – garantir que o investimento seja executado de acordo com todas as normas de construção civil previstas ao tipo de empreendimento;
Controle de qualidade – os materiais adotados devem atender às normas técnicas e precisam ser utilizados conforme as orientações do fabricante;
Fiscalização – estabelecer uma rotina de fiscalização para que todas as etapas da obra tenham o mesmo padrão de qualidade na execução;
Utilização adequada – atenção para que a obra não receba cargas e alterações estruturais que não condizem com o limite suportado no projeto original;
Manutenção – a identificação de patologias durante ou após a conclusão da obra demanda medidas imediatas. A correção de um pequeno problema hoje evita danos maiores no futuro.
Fontes: Felipe Lima, Stant e Sienge
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