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COMO ESCOLHER O VIDRO DE CONTROLE SOLAR

*Por Fernando Simon Westphal, consultor técnico da Abividro, engenheiro civil, professor e pesquisador no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sócio da ENE Consultores e palestrante em eventos do setor

Existem mais de 50 tipos diferentes de coatings de controle solar disponíveis no mercado brasileiro, distribuídos pelos 4 fabricantes: AGC, CEBRACE, GUARDIAN e VIVIX. São revestimentos metálicos aplicados aos vidros, que cada fabricante dispõe em suas linhas de produtos e podem ser fornecidos em diferentes espessuras e bases (incolor, verde, bronze ou cinza), e depois processados em vidros laminados e insulados. Como resultado, as combinações são inúmeras. Imagine, por exemplo, se cada coating puder ser aplicado nas 4 cores de vidro e em pelo menos 2 espessuras diferentes (4 e 6 mm), teremos um total de 400 combinações. Olhando assim, parece complicado iniciar a escolha do vidro ideal para cada situação, mas se definirmos os requisitos para o projeto, as opções são reduzidas drasticamente ao longo do processo.


O que muda de um coating para outro é a taxa de transmissão, reflexão e absorção de luz e calor através do vidro. Mas antes de escolher pelo aspecto e desempenho térmico, precisamos determinar a espessura e a condição de beneficiamento do vidro para a aplicação desejada.


Se a aplicação exige que o vidro seja temperado, é importante observar que existem opções de coating que não permitem a têmpera, então a lista já começa a diminuir. Na maioria dos casos, as composições serão laminadas e os vidros de controle solar geralmente são fornecidos em chapas de 4 mm ou 6 mm, garantindo praticamente que se monte qualquer espessura laminada mais usual (4+3, 4+4, 4+5, 4+6, 6+6, 6+8). Em geral, adota-se o coating posicionado na face #2, ou seja, face do vidro externo voltada para o PVB. Se esse vidro for de 4 mm ou de 6 mm de espessura, tanto faz, pois muda pouco no desempenho total da composição, de modo que não fazemos essa definição da espessura do vidro de controle solar pelo desempenho, mas sim por questões de disponibilidade e técnica de processamento.


Em seguida, verifica-se o aspecto estético desejado para o projeto. Então costumamos filtrar os produtos em grandes grupos: os mais refletivos, os escuros, e os mais claros. Nessa etapa, a quantidade de opções de coatings é reduzida de forma significativa, especialmente se a arquitetura busca um envidraçamento com alta transparência – baixa reflexão e absorção.


Por fim, montamos as composições de espessura e beneficiamento com os coatings que atendem as características estéticas e verificamos o desempenho térmico, ou seja, buscamos o fator solar mais baixo e depois verificamos suas componentes de transmissão e absorção. Em edifícios de grande porte, essas propriedades serão utilizadas na simulação energética para que seja calculado o impacto na carga térmica do edifício e no consumo de energia em climatização.



Em geral, os coatings são fornecidos em vidros incolor e verde, mas é possível obter versões mais escuras, na base cinza (não usual, mas é possível). Também pode ser montada uma composição com vidro de controle solar na base incolor, mas laminada com outro vidro colorido. Essas combinações são avaliadas quando as opções de controle solar dentro da faixa de transmissão de luz desejada não proporcionam grande corte no ganho de calor.


Por fim, tudo isso deve levar em conta o custo, evidentemente, e a disponibilidade do produto na região e possíveis processadores que atenderão à obra. Atualmente, o maior desafio no Brasil está na busca por vidros de controle solar com alta transparência e baixo fator solar. Esses vidros existem, mas em geral são importados e resultam num custo mais elevado. Mas aqui eu faço uma ressalva: embora os arquitetos tenham buscado esse tipo de especificação para os projetos nacionais, essa não é a solução mais racional para projetos com grandes áreas envidraçadas, pois a alta transparência pode gerar problemas de ofuscamento interno. No geral, para o contexto brasileiro, as opções de coating disponíveis no mercado permitem resolver boa parte dos problemas.


Edifício Birmann 32, em São Paulo. O vidro da fachada foi definido com auxílio de simulação computacional buscando conciliar aproveitamento da luz natural, consumo de energia e conforto térmico.
Edifício Birmann 32, em São Paulo. O vidro da fachada foi definido com auxílio de simulação computacional buscando conciliar aproveitamento da luz natural, consumo de energia e conforto térmico.

*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.

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