*Por Mario Henrique da Silva, serralheiro e professor do Senai
Eu costumo dizer que as coisas mais “simples” são as mais difíceis de enxergar, isso vale também para os sistemas de fachadas. Há cerca de cinco anos para cá, estou com praticamente 70% de turmas que formaram serralheiras, a maioria delas arquitetas, profissionais de compra e venda de materiais na área de esquadrias e engenheiras, as salas também são compostas por serralheiros.
Os alunos formularam muitas perguntas durante o curso sobre sistemas de fachadas, praticamente a totalidade da turma não conhecia ou sabia diferenciar o sistema de fachada Pilkington Profilit, fachada Pele de Vidro, fachada Structural Glazing, sistema Stick, sistema Unitizado, entre outros modelos. Isto levando em consideração, somente, os profissionais que participaram do curso que eu ministrei, de 160h, nas unidades do Senai da Vila Leopoldina e agora em Osasco, em São Paulo (SP).
Mesmo sendo um curso básico e não compreendendo a parte de fachadas, acabamos introduzindo o assunto na matéria de leitura e interpretação de projetos e desenho de arquitetura. Este contexto é preocupante, pois é determinante para o planejamento e a escolha da fachada da edificação em que eles estão ou estarão envolvidos.
Verifiquei também, por relato dos próprios profissionais, que no curso de engenharia civil e no de arquitetura o tema de fachada é superficial, porém temos as matérias que fazem parte dos cursos, como “Tecnologia das Construções”, “Estruturas de Materiais”, “Projeto e Instalações Prediais”, “Planejamento e Edificações de Conjuntos Arquitetônicos”. As universidades deveriam abranger mais os sistemas de fachadas.
Lembrando que temos nos projetos de fachada as construções especiais, especialidades no conjunto da obra e outros elementos, que determinam, em alguns casos, a falta de coerência na escolha do projeto técnico de arquitetura, que gera uma decisão por um sistema ineficiente, um orçamento que determina um custo com falta de equilíbrio no custo-benefício, conferindo aditivos na execução, retrabalho e um problema que é preocupante: o improviso na execução por falta de projeto eficiente, sem mencionar os acidentes.
Estes problemas se agravam quando é levado em conta a diminuição de custos de execução no planejamento, não determinando um estudo de caso para verificação de qual é o melhor sistema para aquela edificação, considerando o número de pavimentos, o tipo da edificação, as dimensões da fachada, entre outros pontos.
Para minimizar esta condição, talvez fosse interessante criar um “caderno de esquadrias” direcionado para sistemas de fachadas, introduzindo informações técnicas sobre as características de utilização e a eficiência dos sistemas de acordo com as condições de planejamento e necessidades para os projetos de edificações.
É importante para todo o processo de planejamento a presença de profissionais qualificados, principalmente em fachadas, pois não é só o fator visual que está em jogo, mas a eficiência de iluminação, reposição de elementos, a facilidade na manutenção, eficiência de ancoragem, estanqueidade, ou seja, a fachada tem que atender as normas vigentes, respeitando o projeto, o desenho de montagem e as características da edificação.
Embora existam catálogos técnicos eficientes, com informações relevantes sobre a montagem, normas e o produto, há uma lacuna entre a informação e a condição de interpretação de utilização destes produtos na prática.
*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.
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