*Por Fernando Simon Westphal
Atrium Offices, na Cidade Pedra Branca, em Palhoça (SC) recebe este nome por causa de seu enorme átrio envidraçado/Divulgação
O vidro plano está presente em diversas aplicações na construção civil. Com elevada resistência, diferentes tipos de tratamento, estratégias de processamento e beneficiamento, o material vem ocupando o espaço de tradicionais elementos de construção, como o concreto armado e a cerâmica. Mas, apesar dessa evolução, é bom lembrar das suas limitações, pois o vidro não faz milagres!
Neste texto, eu gostaria de chamar a atenção para o conforto térmico e visual. Mesmo com o uso de vidros de controle solar e até em composições insuladas, o ganho de calor pode ser significativo se a área envidraçada for grande. Isso é comum em ambientes com coberturas de vidro, como as praças de alimentação em shoppings centers.
Pode-se minimizar o desconforto térmico com uma boa especificação de vidro e uma análise da trajetória solar sobre o ambiente, evitando a incidência sobre áreas mais críticas. Mas o cliente precisa ter ciência de que o ganho de calor irá ocorrer. Em muitas situações, uma boa solução de projeto resulta em um ambiente agradável, mesclando o contato visual com o exterior e toda a dinâmica de mudança das condições de céu e luz ao longo do dia.
Já fui consultado em alguns projetos desse tipo e alertei para a incidência direta do sol sobre as pessoas, que mesmo em ambiente climatizado, deverão sentir o desconforto. Nesses casos, pode-se optar por vidros com fator solar mais baixo, que certamente serão também mais escuros. Mas se tratando de uma grande área envidraçada, este escurecimento é imperceptível ao usuário da edificação. Aliás, o controle da luz natural também é importante para evitar o excesso de luz e problemas de ofuscamento.
Em muitas situações, apenas a escolha do vidro pode ser insuficiente para evitar o desconforto térmico e visual. Em ambientes com fachadas em pele de vidro voltadas ao sol nascente ou poente (leste ou oeste), a incidência direta do sol pode ser incômoda, com qualquer que seja o tipo de vidro. Nessas situações, o uso de cortinas ou persianas é inevitável. Não há problema algum o projeto trazer desde a sua concepção uma solução conjunta entre vidro e persianas. Aliás, isso seria o ideal. O projeto de brises ou elementos de proteção solar externos são ainda mais eficazes nesse controle de luz e calor. A composição com o paisagismo também é uma boa estratégia.
Ambientes pequenos, como as sacadas com fechamento envidraçado, estão mais sujeitas ao sobreaquecimento, pois a concentração de calor no espaço ocorre rapidamente. Nessas situações é importante a construtora já utilizar um bom vidro de controle solar no guarda-corpo. Assim, se houver um fechamento posterior da sacada, todo o ambiente ficará mais protegido. É claro que a escolha do vidro deverá prezar pela uniformidade em todo o condomínio e a especificação correta terá que ser indicada no manual do proprietário.
O que o projetista precisa ter em mente são as limitações de cada material e sistema construtivo que ele utiliza em seu projeto. Por isso, são importantes as feiras, os eventos e o estudo constante. Com mais acesso à informação e a troca de experiências, podemos tirar proveito de todo o potencial do vidro na arquitetura.
EXEMPLO DE INTEGRAÇÃO VISUAL E CONFORTO TÉRMICO
O edifício Atrium Offices, na Cidade Pedra Branca, em Palhoça (SC) recebe este nome por causa de seu enorme átrio envidraçado, que resultou numa área de estar protegida das intempéries e sem necessidade de climatização artificial. Um bom vidro de controle solar foi aplicado à fachada e as aberturas de ventilação foram cuidadosamente dimensionadas para haver trocas de ar por efeito chaminé, mesmo em dias com baixa incidência de ventos na região.
O espaço é uma continuação do ambiente externo, mas com controle das intempéries. As salas de escritórios que se voltam para o átrio possuem sacadas e fechamentos com vidros de controle solar.
*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.
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