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Equipe Contramarco

“MULHER EM CONSTRUÇÃO”: ONG INCENTIVA ALUNAS NA ÁREA DE ESQUADRIAS E CONSTRUÇÃO CIVIL

Em parceria com a Zardo Esquadrias e apoio da Kömmerling, a ONG disponibilizou curso de esquadrias de PVC para mulheres da região Sul


*Por Emanuelle Ormiga, sob supervisão da profissional habilitada Stephanie Fazio


Reprodução: ONG Mulher em Construção

A ONG “Mulher em Construção” foi criada a partir de um projeto piloto em 2006, no município de Canoas (RS), pela gaúcha Bia Kern, diretora presidente, com o objetivo de mostrar à mulher de baixa renda “que ela tem força e talento para vencer com seu próprio dom”, conforme o site da organização. Mesmo sem conhecimento na área, a fundadora teve a iniciativa de firmar parcerias entre professores voluntários e empresas ligadas à construção civil.


Bia Kern. Reprodução: ONG Mulher em Construção

“Quem foi que disse que uma mulher não pode erguer muros, misturar cimento, subir em andaimes e construir um futuro melhor? Para mim, ninguém disse isso. Ao contrário, eu sempre ouvi da minha mãe, dona Diva, que a mulher precisa ser independente e batalhadora, sem deixar de ser parceira do homem”, relata a diretora. “No lar, junto com três irmãos e três irmãs, aprendi que ‘não tem coisa de homem’ nem ‘coisa de mulher’. Todo mundo pode e deve lutar pela sua felicidade, de preferência unido, sem disputa ou concorrência”, completa.


Em 2008, Bia resolveu pedir apoio da família e apostar no seu sonho, vendeu sua casa, contraiu uma dívida no banco e, assim, nasceu a “Mulher em Construção”. Foi com este espírito que ela organizou o primeiro curso no Asilo Lar da Fraternidade, com 25 vagas disponíveis e mais de 300 mulheres interessadas em participar, beneficiando os moradores com a remodelação das instalações internas.


O sucesso da iniciativa levou à formação da instituição “Mulher em Construção”, que já atendeu mais de 5 mil mulheres diretamente com cursos e oficinas gratuitas de capacitação para diversas áreas da construção civil e mais de 20 mil pessoas de forma indireta. Desde então, a ONG vem disseminando sua metodologia em parceria com diversos órgãos públicos e empresas que reconhecem a importância do projeto e apostam na inserção da mulher na construção civil, devido a seu grande potencial produtivo e de organização.


“MULHERES NA INDÚSTRIA: INTRODUÇÃO À PRODUÇÃO DE ESQUADRIAS DE PVC”


Com o intuito de estimular a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a ONG promoveu o curso “Mulheres na Indústria: Introdução à produção de esquadrias de PVC”, do dia 27 de junho a 8 de julho de 2022, em parceria com a Zardo Esquadrias, fabricante de esquadrias, e apoio da Kömmerling, fornecedora de sistemas.


“O mercado de esquadrias de PVC vem ganhando cada vez mais espaço no Sul do país, mas a mão de obra ainda é escassa e sem experiência”, explica Júlia Zardo, sócia, gestora comercial e de marketing da Zardo Esquadrias. Foi a partir desse pensamento que nasceu a união com a ONG, visando a independência econômica de mulheres através da capacitação no trabalho da construção civil.


“A proposta de trabalhar em conjunto com a Zardo Esquadrias foi extremamente positiva. A empresa sabe o que precisa e ensina as mulheres a partirem do conhecimento da própria equipe e terminarem por gerir um propósito muito maior do que o inicial, que era de ensinar e absorver parte do grupo participante”, afirma Bia.


A diretora presidente da ONG diz que esse foi o primeiro curso na área de esquadrias e que foi melhor do que o esperado. “A Zardo e a Kömmerling foram inovadoras no contexto em procurar a ‘Mulher em Construção’ e assim entrar no ranking das empresas que estão aderindo ao ESG (Environmental, Social, Governance - Ambiental, Social e Governança em inglês) e trazendo a questão dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Assim, estabelecendo um ritmo pautado pela justiça e tornando as mulheres capazes de entrar nesta área outrora considerada apenas masculina”, explica.


Reprodução: Zardo Esquadrias

O curso foi voltado para mulheres da rede interna da entidade e também foi divulgado em parceria com o Projeto Borboleta, um convênio da ONG com o Superior Tribunal de Justiça (STJ) do Rio Grande do Sul, que busca acolher mulheres sobreviventes de tentativa de feminicídio e familiares das vítimas. A diretora informa que a divulgação foi feita dessa maneira porque a organização possui um grupo de mulheres esperando por oportunidades de aprendizagem e de trabalho.


Júlia explica que o percentual de mulheres atuando na área da construção civil é bem pequeno ainda, principalmente porque o canteiro de obras não está preparado para recebê-las. “Dificilmente o canteiro vai estar preparado com um banheiro para que elas possam utilizar”.


Segundo a gestora comercial, o meio machista é a maior dificuldade que as trabalhadoras encontram. “Os homens têm dificuldade em aceitar que elas sabem fazer o serviço, pessoas têm problemas de contratar, acreditando que elas realmente vão fazer um trabalho excepcional, como na maioria das vezes, quando elas colocam a ‘mão na massa’, realmente fazem de forma muito eficiente”, completa.


A EXPERIÊNCIA


Foram realizadas aulas teóricas, onde foi abordado para as alunas como a ONG funciona e todo o auxílio que a entidade possibilita. Além disso, as temáticas envolveram uma formação integral sobre cidadania, participação social e incidência comunitária (gênero, diversidade sexual, direitos, deveres e políticas específicas de promoção e proteção da violência contra a mulher) e promoção de valores compartilhados (sustentabilidade, justiça, dignidade, cooperação, diálogo, emancipação, confiança, equidade e rede). Nilza Gais, aluna do curso, diz que foi muito especial aprender e trocar experiências, “ajudamos umas as outras com todo carinho”, afirma.


Júlia Zardo, aluna, juíza Madgéli Machado e Bia Kern na formatura do curso. Reprodução: ONG Mulher em Construção

A juíza Madgéli Machado, do Projeto Borboleta, participou das aulas e explanou sobre os diversos tipos de violência contra a mulher. Maiara Medeiros, psicóloga organizacional integrante do Grupo Mulheres do Brasil, falou sobre postura de trabalho e empreendedorismo.


Ainda nas aulas teóricas, foram introduzidas as esquadrias de PVC, falando como é o mercado, o seu crescimento no país, a história das janelas (desde antes de Cristo até os momentos atuais) e como o material é feito, com todos os seus detalhes. Foram apresentados vídeos das máquinas na produção, para que as mulheres fossem para a área com um conhecimento inicial. “Só tenho a agradecer por essa oportunidade que nos proporcionaram de aprender na prática. Os funcionários foram incríveis, com a maior paciência do mundo, sempre dispostos a tirar nossas dúvidas. Um aprendizado que vou levar para sempre!”, diz Grazziela Salgado, aluna do curso.


Na parte da produção em si, as alunas colocaram seus conhecimentos em prática. Aprenderam a manusear todas as máquinas e também como funciona o processo fabril. “Hoje todas elas sabem montar uma janela do início ao fim”, anuncia Júlia Zardo, sócia, gestora comercial e de marketing da Zardo Esquadrias. Para Andréia Frazao, aluna do curso, a oportunidade de aprender trouxe a vontade de continuar no ramo da construção. “Só tem a acrescentar na minha carreira profissional”, completa.


Reprodução: Zardo Esquadrias e ONG Mulher em Construção


“As abordagens são trazidas sempre com pluralidade, respeitando o conhecimento de cada uma das alunas, conciliando a sua vida familiar com a vida profissional. Trazendo a importância da autonomia da mulher, de sua independência financeira e como ela pode estar melhor preparada através do estudo, do conhecimento e do trabalho digno independente da sua cor, idade, se tem filhos ou não, para o mundo do trabalho na construção civil”, finaliza Bia Kern, diretora presidente da ONG.


“Eu não tenho nem palavras para agradecer esta oportunidade que a empresa Zardo nos proporcionou. O acolhimento e a paciência dos funcionários em passar conhecimento, um aprendizado que levarei para a vida!”, conta Franciele Silva, aluna do curso.


Tereza Habib, também aluna do curso, em seu agradecimento, diz que a experiência foi ótima e que tudo foi aprendido na prática. Além disso, menciona que os professores foram muito acessíveis. “Foi uma experiência muito enriquecedora, vejo como uma ampliação de horizontes. Curso muito promissor”, afirma.


Reprodução: ONG Mulher em Construção

Para mais informações da ONG, acesse: www.mulheremconstrucao.org.br


Fonte: ONG Mulher em Construção e Zardo esquadrias


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