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MÉTODO DOS 3 FILTROS

*Por Felipe Lima Engenheiro civil, professor e consultor em patologia das construções e fundador da Adpat Brasil


Texto normas técnicas com logos ABNT e ISO
Divulgação: Cristófoli

Para simplificar conceitos e processos complexos, podemos utilizar o método de transformar em tríade, resumindo fundamentos importantes que nos auxiliarão na tomada de decisões.


Três é equilíbrio, demonstra equiparidade de importância e promove uma análise ampliada da situação.


Temos por hábito procurar atalhos, encurtando caminhos ao reduzir esforço. Se encontramos uma resposta que faça sentido já em uma primeira pesquisa, podemos nos fechar para as demais informações, convencidos de que estamos no caminho certo, especialmente se a fonte for de credibilidade.


Porém, quando adotamos como procedimento padrão a análise do maior número possível de informações, mesmo em circunstâncias simples e claras, reduzimos significativamente a possibilidade de erros.


Por isso, recomenda-se utilizar o método dos três filtros para a tomada de uma decisão técnica na construção civil, seja em projeto, na execução da obra ou no processo de diagnóstico e prescrição de terapias para a reabilitação de edifícios.


Considerar as informações, dados e experiências de três fontes diferentes promove um maior nível de informações e a tomada de decisão eficaz passa por termos o maior número de dados confiáveis possível.


Os três filtros são: normas técnicas, boas práticas e fabricantes.


1º FILTRO: NORMAS TÉCNICAS


O que as normas técnicas dizem sobre o assunto?


As normas técnicas são a principal fonte de referência e devem ser utilizadas na engenharia e arquitetura. Podemos questionar algumas definições ou o processo de concepção de uma norma técnica, mas elas são resultado das experiências e interesses do mercado, são as principais regras do jogo, além de poderem ter força de lei nas relações de consumo (Lei 8.078/90). É importante salientar que as normas técnicas promovem segurança para o profissional, estabelecendo condições mínimas. Mesmo que se tornem defasadas frente ao mercado devido à idade de publicação, elas devem sempre ser o ponto de partida. Portanto, este é o primeiro filtro a ser utilizado.


Passando por esse filtro, obtém-se a resposta: existe uma norma técnica sobre o assunto? Quais são as diretrizes que a norma nos traz?


2º FILTRO: BOAS PRÁTICAS


Como estão as boas práticas atuais em relação ao assunto?


O mercado da construção civil tem se tornado dinâmico, com inovações e propagação do conhecimento de forma acelerada. Devido a isso, há constantes variações nas boas práticas de mercado. Por meio de ensaios laboratoriais ou experimentação prática, conseguimos resolver problemas complexos com ações práticas e técnicas inovadoras. Consultores, estudiosos, executores e fornecedores reúnem experiências e métodos de execução e solução que são atualizados com maior facilidade do que as próprias normas técnicas. Por isso, é importante passar por esse filtro e verificar o que o mercado está fazendo e tendo sucesso. Muitas alterações normativas começam com a experiência das boas práticas.


Passando por esse filtro, obtém-se a resposta: o que o mercado está fazendo que está dando certo? Qual a diferença em relação às normas técnicas? Existem práticas recomendadas por institutos e associações? Há consenso de mercado e estudos que demonstram a eficácia desses procedimentos e soluções?


3º FILTRO: FABRICANTES


Quais são as recomendações da indústria?


A inovação passa pelo investimento que a indústria da construção civil tem potencial para realizar. A cada dia, vemos a indústria investir em pessoas, trazendo profissionais competentes e referências de mercado, que juntos desenvolvem soluções que ultrapassam a necessidade de certos procedimentos normativos e das boas práticas. Os departamentos técnicos dos fabricantes têm se estruturado para serem profundos especialistas em suas áreas, reunindo um maior número de dados e informações sobre casos de sucesso e insucesso. Isso gera a necessidade de inovar e trazer respostas para o mercado, aumentando a tecnologia e facilitando os processos na obra, principalmente devido à escassez de mão de obra qualificada. 


Todo esse conhecimento pode resultar em métodos e processos que diferem das diretrizes normativas e do consenso técnico das boas práticas, mas que podem promover maior produtividade, sem perder desempenho e comprometer a durabilidade.


Passando por esse filtro, obtém-se a resposta: há soluções inovadoras da indústria? Como a indústria recomenda a utilização dos seus produtos? Mudanças nos procedimentos padrão ou utilização de materiais em casos fora do habitual são aceitos pelo fornecedor? Quais dados de experiência sobre o caso os fabricantes podem nos fornecer? 


CONCLUSÃO


Após passar por esses três filtros, algo que muitos de nós acabamos fazendo intuitivamente pela experiência, mas que é importante transformar em método, obtemos um grande número de informações. Isso pode apontar claramente para um caminho ou gerar diferentes e conflitantes opções a seguir. Nesse momento, entra a decisão técnica do profissional habilitado, experiente e responsável pelo caso, que terá muito mais informação para auxiliar na tomada de decisão.


Por fim, é certo que já aconteceu com muitos a tomada de decisão utilizando apenas um desses três filtros, o que pode limitar o conhecimento amplo da situação. Portanto, precisamos de métodos que nos protejam de nós mesmos e dos fatos óbvios que podem nos levar a prejuízos futuros.


*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.

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