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ESQUADRIAS SOB A PERSPECTIVA DO PROJETO ARQUITETÔNICO

Equipe Contramarco

A representação das portas e janelas na planta baixa e os detalhes do seu desenho técnico


Por Stephanie Fazio


Reprodução: Pixabay

“Da janela vê-se o Corcovado, o Redentor, que lindo”. Esse trecho da canção “Corcovado”, de Tom Jobim, foi citado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha para explicar que: “o elemento mais importante é a janela, não a cena propriamente dita, pois é ela que enquadra a vista e direciona o nosso olhar ao que importa”, relembra Denise Polonio, arquiteta e urbanista, professora e representante acadêmica do curso de especialização em Gerenciamento de Empreendimentos da Construção Civil da FAU-Mackenzie.


Segundo a professora, ao se pensar as esquadrias devemos considerar que estas, além de desempenharem uma função prática, cumprem características estéticas ao mesmo tempo em que estabelecem uma relação do espaço interno com o exterior. O material escolhido para as portas e janelas também faz diferença em uma fachada ou em um espaço. “As escalas dos desenhos das esquadrias variam de acordo com a complexidade dos sistemas de vedação escolhidos e devem ser suficientes para a compreensão tanto do caráter técnico desta escolha quanto dos efeitos de composição nas fachadas e ambientes internos”, relata.


Elisabete Cassettari, diretora técnica e comercial da empresa Eurosystem, explica que atualmente as aberturas estão cada vez mais amplas e técnicas e que as esquadrias devem ser posicionadas no projeto de modo a privilegiar a entrada de luz e, ao mesmo tempo, evitar a transmissão de calor. “Primeiramente, deve-se ter atenção à face onde estão as aberturas (norte, sul, leste ou oeste), assim poderão ser dimensionadas corretamente e os vidros serão escolhidos de modo a atender todos os requisitos de insolação, iluminação ou acústica”, destaca.


Após essa etapa, a diretora conta que as portas e janelas devem ser representadas em uma planta baixa, mostrando o número de folhas e sentido de abertura. “Uma folha específica com os detalhes das esquadrias enriquece o projeto, esclarece todas as dúvidas e ajuda no processo de levantamento de custos da obra”, diz. Em sua opinião, o arquiteto deve demonstrar de forma clara o posicionamento e o tipo de esquadrias escolhidas, além de utilizar todos os recursos gráficos disponíveis.


Reprodução: Pinterest

Para Andrea Camillo, arquiteta que atua no escritório que leva seu nome, os desenhos devem ser elaborados em planta baixa, cortes e vistas. “Normalmente, as portas são representadas abertas em planta e fechadas em cortes e vistas, por exemplo. Cada esquadria é reproduzida de uma forma diferente, dependendo do seu modelo (maxim-ar, basculante, de correr, guilhotina, entre outras)”, detalha. Já as escalas, perspectivas e vistas das portas e janelas na planta são pensadas de forma a propiciar o bom entendimento do fornecedor sobre o projeto e também para facilitar a instalação das peças na obra, informa.


O projeto de arquitetura é desenvolvido em etapas e o detalhamento das esquadrias é necessário ao entendimento de como este item se relaciona com os demais elementos construtivos envolvidos na execução da obra, conforme Denise.


A professora relata que o material gráfico correspondente compreende, inicialmente, a localização das esquadrias nas plantas a fim de caracterizar o uso específico de cada porta ou janela e suas respectivas quantidades consideradas em todos os ambientes. O mercado de esquadrias oferece várias opções de material, tipo de abertura, formato, acabamento e sistema de fixação das alvenarias, os quais são especificados de acordo com as funções e efeitos estéticos desejados, complementa. “A representação das esquadrias no projeto de arquitetura deve ser didática, a fim de tornar clara a relação com os demais elementos de vedação e acabamento, além de explicitar as paginações das folhas, para o caso das janelas e também do sistema de abertura considerado”, afirma.


Existem várias normas que dão suporte na escolha das esquadrias, dos vidros e dimensionamento de ambos. Para Andrea, devem ser seguidos os requisitos presentes nas normas da ABNT 10821-2 e 10821-4. Elisabete cita a NBR 7100 vidros na construção civil; NBR 6123 - Forças devidas na construção civil, onde são encontrados os cálculos de pressão de ventos e assim dimensionados os tipos de vidros e espessuras. A NBR 11 706 - vidros na construção civil; NBR 6485 e 1081 - Esquadrias para Edifícios; e NBR 15 575 - Norma de desempenho, que regula o desempenho que cada produto deve realizar na construção, também são lembradas.


Denise elucida que a produção de esquadrias no mercado brasileiro está regulamentada pela norma NBR 10.821, a qual tem por função determinar as condições de desempenho de caixilhos nas edificações residenciais e comerciais, visando assegurar que os produtos entregues ao consumidor tenham condições mínimas, especificamente, quanto à resistência a cargas uniformemente distribuídas, cumprindo o papel de conforto térmico, vedação e segurança.


Os requisitos estabelecidos pela norma, conforme a professora, são: permeabilidade ao ar; estanqueidade à água; resistência às cargas uniformemente distribuídas; resistência às operações de manuseio; manutenção da segurança durante os ensaios de resistência às operações de manuseio; resistência à corrosão; desempenho acústico; desempenho térmico; iluminação e ventilação natural.


A norma NBR 15930 estabelece os requisitos para portas de madeira para edificações, segundo as seguintes condições: ações higroscópicas, esforços mecânicos e ações de tráfego, que definem a durabilidade do produto, aponta Denise. “A norma técnica de portas de madeira estabelece, a partir desses requisitos, classes de desempenho por localização de uso, classificadas como porta interna de madeira, porta interna de madeira resistente à umidade, porta de entrada de madeira, porta de entrada de madeira resistente à umidade e porta externa de madeira”, cita a docente.


O DESENHO TÉCNICO


O desenho técnico em arquitetura tem por finalidade a representação das edificações o mais próximo do possível, em formas e dimensões, conta Denise. As esquadrias, em geral, podem ser representadas de forma simplificada ou mais detalhada. Ela explica que os softwares de desenho permitem a utilização de blocos, que são estruturas compostas onde é possível agrupar entidades de diversos tipos, como linhas, arcos, textos e atribuir-lhes um nome de identificação e um ponto de inserção, criando assim uma biblioteca de desenhos. “Quanto menor a escala de impressão, mais simplificada deve ser a representação da esquadria”, diz.


Reprodução: Victória Carolina Becker, Pinterest e Unsplash


Devido a importante função que desempenham numa edificação, as esquadrias podem ser divididas em diferentes formas e, de acordo com o tipo do material e a necessidade de controle acústico, conforto térmico e segurança, devem ser representadas em escalas que permitam a leitura correta de seus componentes e meios de fixação nas estruturas e alvenarias das edificações, segundo a docente.


“Sobretudo para climas mais severos, o grau de sofisticação técnica de uma esquadria é notável, onde os detalhamentos de caixilhos são quase obras de arte, de tão intrincados que são todos os encaixes, dobras e peças”, destaca Denise.


“Dada a grande variedade de produtos, é quase impossível o arquiteto reproduzir com exatidão o desenho técnico das esquadrias. As próprias empresas não fornecem estes desenhos, por se tratarem de produtos específicos”, comenta Elisabete. O arquiteto deve representar o número de folhas, sentido de aberturas e tipos de vidros, já as maiores informações podem ser solicitadas posteriormente para o fornecedor escolhido, conforme a diretora.


VALORIZAÇÃO DA OBRA


A escolha correta das esquadrias faz toda a diferença para se alcançar um bom resultado quanto à iluminação e ventilação do ambiente, conforme Andrea Camillo, arquiteta. Já na opinião de Elisabete Cassettari, diretora técnica e comercial da empresa Eurosystem, as portas e janelas definem o sucesso de um projeto. “O aproveitamento da luz natural enriquece a obra”, diz.


Reprodução: Andrea Camillo


Para Denise Polonio, arquiteta e urbanista, professora e representante acadêmica do curso de especialização em Gerenciamento de Empreendimentos da Construção Civil da FAU-Mackenzie, a escolha do tipo de esquadrias é parte importante e crítica, a qual pode em muito comprometer ou alterar a percepção da edificação a partir dos volumes de suas fachadas. Uma das primeiras decisões diz respeito ao material e o efeito desejado relativo às cores, texturas, padrões de desenho, grau de transparência e opacidade pretendidos.

Outra questão que cabe ao projeto de arquitetura definir refere-se ao modo como as esquadrias serão fixadas em relação aos vãos. Embora a geometria dos vãos e das esquadrias obedeçam aos conceitos pré-estabelecidos pelo projeto de arquitetura e também a partir dos critérios técnicos dos fabricantes, pode-se alterar significativamente o resultado na composição de uma fachada e também a percepção das paredes internas, dependendo de como as esquadrias serão fixadas, afirma a professora.


“Ou seja, podemos optar pelos caixilhos e esquadrias faceando o lado externo, interno, no meio da espessura do vão, sobrepostos ou ainda em sistemas mais sofisticados como a pele de vidro também chamado de fachada-cortina, que faz com que os perfis estruturais de alumínio ou PVC fiquem ocultos, resultando numa fachada totalmente envidraçada, adquirindo visual limpo e liso”, conclui Denise.

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