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CULTURA DE PROTEÇÃO: COMO OS AÇOS INOXIDÁVEIS BENEFICIAM A CONSTRUÇÃO CIVIL?

Equipe Contramarco

Tubos de aço inox empilhados
Divulgação: Oficinox

Em algumas áreas como segurança pública, segurança privada e até na área de artes marciais é comum a seguinte citação: “O Brasil é um país que não investe em segurança. O Brasil investe em sensação de segurança”. No caso de proteção a pessoas ou a patrimônio, os indivíduos querem se sentir seguros, mas falta capacitação para analisar a efetividade das ações adotadas, segundo Leonardo Calicchio, docente dos cursos de engenharia de materiais e engenharia mecânica da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).


“Na área de engenharia não é muito diferente quando o assunto é proteção de metais. Ou seja, no caso da corrosão, é normal, no Brasil, primar-se por um baixo investimento inicial, o que em muitos casos implica em um alto custo de manutenção”, afirma o professor.


A corrosão de metais é o processo de deterioração de um metal devido a reações químicas ou eletroquímicas com seu ambiente, resultando na formação de óxidos, hidróxidos ou outros compostos indesejados que comprometem a integridade do metal. “Para se ter uma ideia da importância desse tema, de acordo com a National Association of Corrosion Engineers, nos Estados Unidos, o custo anual com manutenção e reparos devido à corrosão gira em torno de 1,5 trilhão de reais. Isso representa cerca de 14% do PIB do Brasil, apenas com a corrosão de metais”, observa Calicchio.


Calicchio explica que uma das proteções anticorrosivas mais conhecidas é a pintura, termo no Brasil que é mais associado à estética do que à proteção. E, neste termo, a pintura já entra na questão da cultura de proteção, pois é comum nos Estados Unidos e em outros países o uso do termo “coating” (revestimento) e não “painting” (pintura), quando se fala em proteção de metais. “Desse modo, a própria terminologia em inglês reforça a cultura de proteção, que contribui para uma exigência natural de parâmetros protetivos. Afinal, pretende-se revestir e não apenas pintar. Perceba aqui o poder cultural da terminologia”, analisa o docente.


Existem inúmeras formas de proteger metais da corrosão, como o uso de vernizes, revestimentos metálicos ou plásticos, anodização, inibidores químicos, proteção catódica, controle de temperatura e/ou umidade e até o design de componentes ou estruturas metálicas pode contribuir para redução da corrosão. “Entretanto, causa certo espanto que no Brasil o consumo de materiais metálicos naturalmente resistentes à corrosão, como os aços inoxidáveis, seja tão baixo”, comenta Calicchio. 


Segundo o professor, dos quase 100 elementos metálicos da tabela periódica, as ligas com base no ferro são responsáveis por 94% de todas as ligas metálicas que se produz e se consome no mundo. De acordo com a Associação Brasileira de Aço Inoxidável (Abinox), o consumo per capta de aços inoxidáveis no Brasil jamais atingiu 3 kg. Nos Estados Unidos esse valor é de 15 kg. E em países como Itália, Taiwan e Coreia do Sul esse consumo per capta passa dos 30 kg.


“No Brasil, existe o paradigma de que aços inoxidáveis são caros. E, normalmente, os aços inoxidáveis realmente têm valor mais elevado se comparado aos aços carbono comuns, que são amplamente utilizados em todo tipo de indústria ou construção no Brasil”, observa Calicchio. 


Contudo, exemplos de outros países e estudos realizados no Brasil mostram que, com um pouco de capacitação em engenharia de aplicação e seleção de materiais, a escolha por aço inoxidável pode reduzir drasticamente os gastos com corrosão e manutenção, retornando em pouco tempo o maior investimento em material de melhor qualidade e, criando em alguns casos, projetos com durabilidade secular, como é o caso do edifício Chrysler em Nova York, que foi inaugurado em 1930 e todo o aço inoxidável utilizado no projeto aparenta como novo até os dias de hoje, de acordo com o docente.


“Em Tóquio, no Japão, o uso de tubulações de aço inoxidável foi adotado para reduzir significativamente as perdas de água devido a vazamentos. Graças a grande resistência à corrosão do aço inoxidável, estima-se que essas tubulações subterrâneas em Tóquio irão durar ao menos 100 anos”, exemplifica o professor. 


“A formação de uma cultura prática em relação ao uso de recursos é de fundamental importância para a construção de uma sociedade eficiente e sustentável. Dado o papel crucial dos metais em nossa sociedade - lembrando que metais como cobre e ferro nomearam eras - a formação de uma cultura de proteção dos metais é inevitável para o que almejamos como sociedade do futuro”, conclui Calicchio.


COMO O USO DE FIXADORES EM AÇO INOX EVITA A CORROSÃO GALVÂNICA NAS ESQUADRIAS?


“Dentre as diversas orientações que devem ser seguidas pelos fabricantes de esquadrias de alumínio, há a indicação do uso de parafusos de aço inoxidável, para que não venham a sofrer corrosão galvânica em suas fixações no alumínio por diferenças dielétricas entre os materiais envolvidos”, afirmou o consultor Luis Claudio Vieste em entrevista para o portal da Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (Afeal).


A corrosão galvânica, também chamada de corrosão bimetálica, é um processo de degradação do material e pode ou não estar associada a esforços mecânicos.


Henrique explica que a corrosão galvânica do tipo eletrolítica acontece quando há presença de dois metais que ficam em contato entre si em um ambiente que contém eletrólito, de forma que o metal que for menos nobre é o que sofre a oxidação, chamada de ânodo, e o mais nobre é o cátodo. “Neste sistema, uma substância vai perder elétrons [partículas de carga negativa que ficam girando ao redor do núcleo atômico] e a outra vai ganhar elétrons, este processo é chamado de oxirredução ou reações redox, que estão acontecendo entre estas duas espécies químicas”, explica Henrique Portela, arquiteto e diretor da Supperiore, acrescentando que “a substância que perde elétrons sofre oxidação, sendo assim chamada de agente redutor, e a que ganha elétrons sofre redução, é a agente oxidante”.


Um exemplo muito comum é esta ação oxidante acontecer nas esquadrias de alumínio, quando fixadas com parafusos de aço carbono. Os dois metais juntos, sem nenhum material isolante entre eles, fazem com que os parafusos que são de metal menos nobre oxidem e se degradem com a ação do tempo. “A corrosão galvânica reage da mesma forma que uma pilha, já que o processo eletroquímico é aquele que converte a energia química em energia elétrica, fazendo com que esta troca de energia aconteça”, afirma Henrique.


Fontes: Mackenzie, Afeal e Supperiore

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