"Consultoria técnica em esquadrias não é catálogo: o que o mercado precisa compreender com urgência"
- Rivonio Cordeiro
- 13 de jun.
- 3 min de leitura
*Por Rivonio Cordeiro, consultor de esquadrias e CEO na CSA Consultoria e Engenharia

Nos últimos anos, o mercado de esquadrias tem evoluído em velocidade acelerada. Mas nem toda evolução é acompanhada de maturidade técnica. E nesse cenário, cresce uma distorção perigosa: profissionais que se posicionam como 'consultores de esquadrias', mas cuja atuação se limita a copiar catálogos e desenhar perfis sem o mínimo embasamento de engenharia.
Essa prática, que pode parecer inofensiva à primeira vista, compromete diretamente a qualidade dos projetos, a segurança dos usuários, o desempenho das edificações e a reputação de empresas sérias que atuam nesse setor.
O que é, afinal, consultoria técnica em esquadrias?
Consultoria de verdade não se limita à representação gráfica. Envolve conhecimento técnico-científico, vivência prática de obra, domínio das normas brasileiras e a capacidade de propor soluções completas, que conciliem desempenho térmico, estanqueidade à água e ao ar, segurança, estética e viabilidade de execução.
Um consultor técnico legítimo é aquele que:
· Entende as pressões de vento e seus efeitos sobre os vãos;
· Conhece profundamente os sistemas disponíveis no mercado e suas limitações;
· Sabe interpretar e aplicar todas as normas brasileiras e suas respectivas ramificações;
· Tem capacidade de prever e evitar patologias futuras;
· Atua com responsabilidade técnica sobre o que propõe.
O risco das “soluções de catálogo”
Quando alguém assume o título de consultor sem ter a bagagem necessária, os riscos são sérios:
Esquadrias mal especificadas, que não resistem ao uso ou ao tempo;
Sistemas incompatíveis com a arquitetura ou com a estrutura do prédio;
Problemas de desempenho acústico, térmico ou de estanqueidade;
Orçamentos distorcidos, que geram prejuízos futuros;
Falta de assistência pós-obra e ausência de responsabilidade técnica.
A posição da CSA: compromisso com a engenharia aplicada à esquadria
Na CSA Consultoria e Engenharia, tomamos a decisão de deixar claro o nosso posicionamento:
Consultoria técnica é uma atividade estratégica, que exige preparo, estudo, responsabilidade e envolvimento direto com a realidade da obra.
Não aceitamos que o título de “consultor” seja usado levianamente por profissionais que apenas reproduzem desenhos com base em folhetos de fornecedores. Não há problema em ser um desenhista técnico, desde que isso esteja claro. O problema é vender essa atuação como se fosse engenharia aplicada.
O que defendemos
Este manifesto é, antes de tudo, um chamado. Um convite ao mercado para elevar o nível de discussão. Para valorizar quem faz certo. E para proteger clientes e obras dos riscos de soluções simplistas.
Defendemos:
A valorização da engenharia como base de qualquer projeto de esquadrias;
A separação clara entre representação gráfica e consultoria técnica;
A exigência de critérios mínimos para atuação como consultor técnico;
A educação contínua do mercado e a capacitação de novos profissionais;
O compromisso ético com a qualidade e o desempenho das edificações.
Conclusão
A esquadria é um elemento estratégico da edificação. Ela precisa funcionar, resistir, proteger e atender normas. Isso não se garante com desenhos bonitos e sim com soluções inteligentes, bem pensadas e tecnicamente embasadas.
Está na hora de reconhecermos a diferença entre desenhar e projetar. Entre representar e resolver. Entre copiar e pensar.
E principalmente: está na hora de valorizarmos quem faz consultoria de verdade.
*Os artigos publicados com assinatura são de responsabilidade dos respectivos autores e podem não interpretar a opinião da revista. A publicação tem o objetivo de estimular o debate e de refletir as diversas tendências do mercado, com foco na evolução da indústria de esquadrias e vidro.