Dias antes de deixar a presidência dos Estados Unidos, Donald Trump deu uma nova ordem que pode obrigar que qualquer novo edifício federal do país seja construído imitando o estilo clássico. Denominada Making Federal Buildings Beautiful Again (Tornando os Edifícios Federais Novamente Bonitos, em tradução livre) a ordem exigiria uma revisão das Diretrizes para Arquitetura Federal, publicadas em 1962, para garantir que o estilo arquitetônico clássico seja o padrão para edifícios federais novos e projetos de renovação.
Apresentada pela primeira vez em um relatório exclusivo da Architectural Record, a ordem executiva visa tornar a arquitetura clássica o estilo padrão para o país. Afastando-se das diretrizes originais estabelecidas pelo ex-senador de Nova Iorque, Daniel Patrick Moynihan, que dizem que "o projeto deve fluir da profissão da arquitetura em direção ao governo, e não vice-versa", a nova ordem busca solucionar a suposta incapacidade dessas diretrizes de reintegrar "valores nacionais em edifícios federais", pois estes seriam frequentemente influenciados pelo brutalismo e pelo desconstrutivismo.
"Não bastasse limitar a criatividade dos profissionais a um só estilo, o decreto deixa claro que os arquitetos não poderão usar, de forma alguma, o brutalismo nas construções, estilo que surgiu no final da Segunda Guerra Mundial e que prioriza a funcionalidade e não a estética das edificações", afirma o arquiteto Henrique Hoffman, da Painel Arquitetos Associados. De acordo com ele, o nome não veio do termo 'bruta' e sim de 'béton brut', que significa concreto em francês. "Com a inovação do sistema industrial de produção e fabricação, o concreto ganhou espaço no mercado – que além de barato, podia ser produzido em larga escala e de forma modular”, explicou o arquiteto.
Foram os arquitetos Alison e Peter Smithson que, na década de 50, deram início a esse estilo, movidos pelo idealismo e pela tecnologia, aproximando o design e planejamento urbano e usado amplamente em construções de teor social, como em escolas, hospitais, bibliotecas, prédios governamentais e conjuntos habitacionais. “Apesar do intuito de expressar o otimismo pós-guerra, não tinham o objetivo de agradar: o impacto é causado pelo respeito e não pelo afeto, sendo caracterizado por sua rispidez, formas inusitadas e por sua materialidade de aspecto pesado”, diz Hoffman.
Fontes: Arch Daily e Assessoria Mão Dupla Comunicação
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