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ESQUADRIAS NAS OBRAS CONTEMPORÂNEAS

Stephanie Fazio

Sérgio Souza fala sobre a evolução das portas e janelas e suas novas funções

Reprodução: Clavoardiendo/ IG/ SPBR

As esquadrias são fundamentais para todos os tipos de obras. Com o tempo, o design dos modelos foi sendo alterado, e atualmente muitos se destacam pelo tamanho e inovação.

A equipe Contramarco entrevistou Sérgio Souza, formado pela USP e mestre em arquitetura e urbanismo pela universidade São Judas Tadeu, onde atua como docente desde 1999.

Revista Contramarco: Nos projetos arquitetônicos contemporâneos, comente sobre a importância dada às portas e janelas na fachada.

Sérgio Souza: A porta dá fortaleza, sinônimo de segurança, defesa e controle, evoluiu em expressão, complexidade e significado ao longo do tempo, sem perder o sentido original como ponto de contato entre o dentro e o fora, a cidade e o edifício, o concreto e o simbólico, o “meu” e o de todos.

Revista Contramarco: Cite dois ou três exemplos de obras que contam com esquadrias impactantes

Sérgio Souza: Um exemplo típico de releitura do conceito clássico da porta, na arquitetura contemporânea, é a Igreja de Santa Maria (1996), em Marco de Canavezes, Portugal, do arquiteto Alvaro Siza, cuja melhor descrição das portas, de dez metros de altura, é dada aos paroquianos pelo próprio pároco, padre Higino: simboliza a passagem para “um espaço de tolerância” e “quem transporta esta porta deve saber qual é a estatura da tolerância: não demasiado larga, mas suficientemente alta.” (Fernandes, Sofia Garrocho, p. 139).

Da mesma forma que a porta é reconceituada em Marco de Canavezes, as janelas deixam de ser um elemento funcional e exclusivo de entrada de luz e ventilação, para assumir outros sentidos e simbolismos na arquitetura contemporânea, tornando-se verdadeiros espaços arquitetônicos.

Exemplo dessas características, e comparativamente com Alvaro Siza, é a Igreja sobre a Água (1988), do arquiteto japonês Tadao Ando. A janela adquire outra dimensão, é o próprio altar ou sensação dependendo da pessoa que esteja usufruindo do espaço arquitetônico.

Vale mais um exemplo significativo de arquitetura contemporânea nacional de ótima qualidade, como a casa de Ubatuba (2009) do Escritório SPBR, de Ângelo Bucci, que enquadra a paisagem, explora os diversos materiais com maestria e cria novos significados, desenhos e texturas para as portas e janelas nas fachadas.

Revista Contramarco: Comente sobre a qualidade dos materiais — alumínio, pvc, madeira, ferro/aço — para a produção atual (caixilharia) de portas e janelas.

Sérgio Souza: No cenário nacional, infelizmente, temos parte da indústria voltada fortemente para esquadrias padronizadas, às vezes com baixa qualidade, com enormes deficiências de vedação e durabilidade.

Os projetistas, pelo mercado eventualmente não oferecer sistemas mais abertos e versáteis, necessitam recorrer a sistemas de fabricação e montagem mais artesanais e nem sempre confiáveis e com bom desempenho.

Clientes com mais recursos buscam por sistemas importados, em geral pouco acessíveis e muito elitizados, entretanto com melhor desempenho e estanqueidade.

Penso que o mercado de esquadrias no Brasil possui enorme potencial, bons materiais, e o empresariado precisa parar de produzir apenas mais do mesmo.

Não nos faltam materiais e capacidade de execução, mas nos falta empreendedorismo e inovação nessa área.

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