Escritórios médios, com até 40 profissionais e pequenos, com até dez funcionários, especializados em até dois mercados deverão ganhar destaque nos próximos anos.
O estreito contato com os escritórios de arquitetura pelo Brasil, através da realização de palestras e ações de consultoria, além da pesquisa de organizações em diversos países e no Brasil, permitiram à Ricardo Botelho Marketing (empresa que completa este ano 25 anos de atuação pioneira nos mercados da arquitetura, decoração e construção) a realização de um estudo aprofundado sobre a organização, as áreas da atuação e a remuneração dos profissionais, em especial, no Brasil, Estados Unidos e Inglaterra.
Entre as principais conclusões é possível criar um cenário futuro para este mercado, levando em consideração aspectos como:
Há, no mundo, pouquíssimas organizações (escritórios) de grande porte, com faturamento superior aos US$ 20 milhões anuais. O maior escritório de arquitetura do planeta é o americano Gensler, que faturou em 2015 cerca de US$ 800 milhões e emprega 4,2 mil funcionários em 42 países. Zaha Hadid movimentou bem menos: 65 milhões de libras esterlinas no mesmo período.
No Brasil o faturamento anual dos escritórios de arquitetura e design de interiores não ultrapassa os US$ 10 milhões. Isso, na média, os grandes escritórios - que são raríssimos. Esses dados são fruto de projeções empíricas, baseadas em conversas com os profissionais. A verdade é que a grande maioria dos arquitetos atua através de pequenas organizações informais (quase 80% são pessoas físicas), destinadas à sobrevivência de seus titulares.
Em geral, o perfil do escritório de arquitetura ou de design de interiores em todo o mundo é marcado por ser uma organização que emprega até dez colaboradores e é gerenciada por um ou dois titulares. Nos Estados Unidos, de cada cinco arquitetos só um é autônomo. Ao contrário do Brasil, onde quase 90% são donos do seu negócio. Aqui, 56% dos profissionais trabalham totalmente sozinhos.
A remuneração média mensal é um aspecto que, quando é apresentado em palestras sempre causa um tumulto. Isso acontece porque se idealiza uma situação muito longe da realidade. Acredita-se que arquitetos ganhem muito, o que até é verdade se comparado com a realidade salarial no país. No Brasil essa remuneração mensal chega a cerca de R$ 8 mil (na média nacional). Porém, cerca de 30% dos profissionais auferem menos de R$ 4 mil mensais (sempre valores líquidos).
Olhando o futuro, o consultor Ricardo Botelho percebe que teremos poucas grandes ou gigantes organizações horizontais. Todas elas com atuação global e diversificada, projetando para clientes de diferentes segmentos da economia, especialmente, organizações governamentais, fundos de investimento e empresas multinacionais. “Penso que haverá espaço para escritórios médios, de até 40 pessoas, que se especializam em um ou dois segmentos de mercado, entre eles, imobiliário, varejo, saúde, hotelaria etc”, explica Ricardo Botelho. “Nesse caso, a expertise determina o sucesso e o perfil de clientes, mas a atuação será local, no máximo, regional”, completa.
A absoluta maioria dos escritórios será formada por pequenas estruturas, que empregam até dez colaboradores, gerenciadas por um ou dois sócios titulares. “A tendência é a especialização - que também pode ser chamada de preferência. De fato, os clientes comerciais tendem a requisitar os serviços atraídos por um portfólio rico em experiências no seu segmento de atuação”, explica Ricardo.
“Os solitários correm risco sério”, alerta o consultor. “Irão sobreviver aqueles com extraordinária capacidade projetar e que atuem em parcerias eventuais com organizações um pouco maiores”, diz. “Assim, poderão manter um ritmo constante de renda e não terão de conviver com períodos que alternam ingressos e seca, o que já é uma realidade hoje”, finaliza.
Por Ricardo Botelho - www.ricardobotelho.com.br