Com oito milhões de unidades anuais produzidas, o setor de portas de madeira no Brasil vem mostrando seu potencial para ganhar qualidade por meio da melhoria de processos produtivos, mas também por um fator comum a muitas empresas do segmento: a valorização do capital humano.
Desde a implantação do PSQ-PME (Programa Setorial da Qualidade de Portas de Madeira para Edificações), desenvolvido e coordenado pela Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente), por meio do seu Comitê de Portas, 21 empresas trabalham para aperfeiçoar a produção, a gestão e seus produtos. Dessas, 17 já possuem produtos certificados.
Por conta do Programa e da necessidade de aperfeiçoar os produtos, a Reflorestadores Unidos, que está no mercado com a marca Ecoporta, adotou uma política de capacitação e de valorização dos colaboradores, que já rendeu, inclusive, ideias para redução de custos com insumos e aperfeiçoamento de equipamentos. “A partir do PSQ isso se tornou uma constância na empresa. A capacitação começa na admissão do funcionário e é permanente”, explica Cassiano De Zorzi, diretor de Operações. O chamado Grupo de Melhorias Internas se reúnem uma vez por mês para discutir possíveis melhorias no processo produtivo. As informações são repassadas para os líderes de cada departamento e, posteriormente, apresentadas a um conselho e à diretoria. Se validada a proposta após sua implantação, as pessoas envolvidas acumulam pontos para receberem alguma recompensa ao final do ano. Além disso, a indústria possibilita o crescimento dos colaboradores dentro da empresa e tem incentivado a formação por meio de subsídio de 50% para cursos de graduação.
Para 2017, a Ecoporta planeja estruturar um departamento de Pesquisa e Desenvolvimento de produtos com vistas a ampliar a participação no mercado de luxo. “O objetivo é voltar 90% da produção para os públicos de alta renda”, afirma De Zorzi.
Outra fabricante de portas que conta com uma política de valorização dos funcionários e com o modelo de grupos de melhoria é a Pormade, de União da Vitória (PR). A empresa incentiva uma gestão participativa e investe em formação continuada. Uma vez por semana, os funcionários de cada setor discutem questões relacionadas ao trabalho e levantam sugestões para o aperfeiçoamento da produção e do funcionamento da empresa. A capacitação também faz parte das iniciativas da empresa, que implantou a Unicop, uma universidade corporativa que oferece desde cursos supletivos para quem não terminou as etapas dos ensinos fundamental ou médio a treinamentos para desenvolvimento de líderes. Cursos técnicos, de graduação ou pós, também podem ser subsidiados pela empresa.
Apesar das constantes melhorias implantadas nas fábricas para o aumento da qualidade dos produtos e dos recursos destinados à capacitação de pessoas, as empresas que participam do Programa provam que é possível reduzir custos. A Adami/Vert busca constantemente novas tecnologias que resultem em uma relação custo x benefício ajustada às demandas de mercado. “Os investimentos no capital humano são fundamentais para que possamos operar a evolução da tecnologia. Além disso, o contato e a troca de experiências proporcionada pelo PSQ contribuem para a inovação de processos e produtos”, afirma o gerente Industrial, Daniel Pscheidt. A indústria investe ainda em pesquisas de mercado para avaliar tendências e concorrência.
Para a empresa Manoel Marchetti, fabricante das Portas Álamo, por meio de um programa estruturado foi possível reduzir os custos na linha de produção em 4,2% em 2016. “Investimos em novos equipamentos e passamos a ter menos desperdícios”, afirmou o vice-presidente da empresa Fábio Ayres Marchetti. Apesar da indústria não ter conseguido concluir os investimentos previstos em inovação, a empresa deu um passo importante com o lançamento de novas linhas – passando a atender obras para as classes C e D – garantindo uma gama maior de opções aos clientes. Além disso, a intenção é concluir a etapa de mudanças e melhoramentos da linha de produção até junho de 2017. “Com isso, teremos um aumento da competitividade do produto, já que será possível garantir mais qualidade no acabamento das portas”, informou Marchetti.
Na Famossul, a inovação também passa pela busca da qualidade, premissas estabelecidas pelo PSQ-PME e o desenvolvimento constante de novos produtos. De acordo com Robson Marcon, gerente administrativo da empresa, o Programa ajudou a tornar o processo mais ágil, resultando em produtos seguros e bem acabados. Com essa segurança maior em relação à qualidade do produto atestada pelo sistema de gestão da qualidade do Programa, a indústria pode focar em estratégias que garantam novos padrões de cores aos clientes e desenvolvimento de portas para atender outros públicos.
“O PSQ nos proporcionou e assegurou uma evolução constante em todos os processos das empresas, bem como a segurança técnica e jurídica, que temos garantido ao mercado por entregarmos produtos normalizados e certificados”, avalia o diretor da Sincol, Caetano Balvedi Neto. Segundo o diretor, a empresa mantém uma base de Pesquisa e Desenvolvimento, que interage com os clientes. “O objetivo é promover a evolução dos produtos já ofertados e desenvolver soluções inovadoras e sob medida, sempre assegurando segurança, confiabilidade e desempenho”, afirma.
O processo de inovação e de desenvolvimento de produtos da Sincol inclui conhecer todas as etapas da vida do produto no mercado. “Dessa forma, compreendemos as expectativas da aplicação, o uso e a vida útil do produto. A porta é compreendida pelo mercado como um bem durável, as pessoas não compreendem que trocar uma porta é algo normal. Assim, buscamos produzir produtos com vida útil assegurada”, completa.
PSQ-PME
Com abrangência nacional, o Programa reúne e representa os fabricantes de portas de madeira do Brasil, atuando em várias ações que visam o fortalecimento do segmento e o atendimento dos requisitos estabelecidos nas normas brasileiras vigentes.
Entre os principais objetivos da iniciativa estão o de promover a isonomia competitiva entre os fabricantes, por meio da conformidade técnica, adequando o desempenho dos produtos às normas existentes, estimular a melhoria continua, agregar valor às marcas e dar garantias ao consumidor final.
Desde 2014, é possível encontrar no mercado portas com a certificação da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). São produtos que atendem à Norma Brasileira NBR 15930. As folhas de portas certificadas passam por um rigoroso controle de qualidade de produção, que inclui testes físicos e mecânicos de avaliação do desempenho realizados pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) de São Paulo.
Fonte: Assessoria de Comunicação Abimci – Interact Comunicação