Edição nº168 jul/ago 2024
ENTREVISTA: RODRIGO NAVARRO, ABRAMAT
Foco na evolução da cadeia produtiva e no crescimento sustentável do setor
CONTRAMARCO — Executivo em grandes empresas, consultor e porta-voz de entidades setoriais estão entre as diversas atividades profissionais que se destacam em seu currículo. Relembre de forma resumida esta trajetória até o momento de assumir como Presidente Executivo da Abramat.
RODRIGO NAVARRO — Iniciei minha carreira profissional na Xerox em 1990, onde permaneci por 10 anos. Na sequência, trabalhei como executivo em grandes empresas como Telemar, Philip Morris, Nokia e Copersucar. Também fui consultor de várias multinacionais incluindo Honda, Syngenta, Boticário, Mercado Livre e BMW. Nestas posições, sempre atuei com Relações Institucionais e Governamentais (RIG), Estratégia Empresarial e Desenvolvimento de Negócios sustentáveis, onde por muitas vezes participava de entidades setoriais e atuava como porta-voz. Em paralelo a esta trajetória, desenvolvi uma sólida carreira como acadêmico em mais de duas décadas ministrando aulas no Brasil e no exterior, passando a coordenar o MBA que lancei em 2015, de Relações Governamentais na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Aceitei o convite para presidir a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) em fevereiro de 2018.
CONTRAMARCO — Em 2024, a Abramat está completando duas décadas de fundação. Comente sobre a importância da entidade para a cadeia produtiva da construção no Brasil e, se possível, cite alguns pontos relevantes nessa trajetória.
RODRIGO NAVARRO — A Abramat é única, pois representa mais de 20 segmentos da indústria de materiais de construção, contemplando base e acabamento. Nesta entidade cross-setorial, temos hoje mais de 50 associados e membros, que juntos têm 400 fábricas no país. Trabalhamos em muitas iniciativas em um processo de cocriação com importantes stakeholders, incluindo mídia e os três níveis de Governo, além de diversas entidades verticais do nosso ecossistema. Com esta atuação transversal, buscamos cumprir nossos objetivos de ser um catalisador de demandas e representante legítimo dos associados e do setor, fomentando o crescimento sustentável do mercado, com promoção da conformidade técnica e fiscal.
CONTRAMARCO — Em sua gestão, quais são as principais realizações já feitas ou em andamento, e os principais objetivos a alcançar?
RODRIGO NAVARRO — Ampliamos significativamente o tamanho, a representatividade e as contribuições ao país da Abramat, com mais de 35 organizações se juntando à entidade desde 2018. Também criamos a possibilidade de outras entidades e empresas integrantes da cadeia produtiva participarem de nossas atividades com os membros institucionais e colaboradores, que hoje já alcançam o número de 17. Durante a pandemia trazida pela Covid-19, conseguimos incluir o setor como atividade essencial, o que foi fundamental para enfrentarmos essa crise. Atuamos fortemente para aprovar o novo Marco do Saneamento. Alteramos o estatuto para podermos atuar em projetos especiais, como o Programa Cultural, e ampliamos as formas de comunicação com os associados utilizando múltiplos canais. Em função de nosso crescente trabalho em políticas públicas, em 2023 fomos convidados a integrar o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) da Presidência da República. Fomos eleitos para o conselho da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) por três vezes seguidas, e passamos a integrar os conselhos da Conferação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Finalmente, lançamos o livro comemorativo de 20 anos e estamos trabalhando em um projeto muito importante envolvendo conformidade técnica, que será anunciado até o final de 2024.
CONTRAMARCO — O ano corrente está sendo positivo para a construção no Brasil? Por quê?
RODRIGO NAVARRO — Temos muitos desafios pela frente, e com muito trabalho poderemos alcançar o objetivo de ter um crescimento sustentável, com inovação e uso de tecnologia crescentes. Programas e iniciativas como o Construa Brasil (onde lideramos a meta de Construção Industrializada), o Nova Indústria Brasil (em especial com a Missão 3 que trata de infraestrutura e cidades inteligentes), o Minha Casa Minha Vida, e as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) poderão contribuir efetivamente para a geração de emprego e renda. Por tudo isso, acreditamos que 2024 é promissor, onde a FGV — que é responsável pela elaboração de nosso índice — projeta um crescimento de 3% no faturamento em relação ao ano anterior.
CONTRAMARCO — O Grupo Contramarco vem realizando diversos eventos com foco na indústria de esquadrias e vidro — como, por exemplo, a Feira Internacional da Indústria de Esquadrias (FESQUA), o Salão da Indústria de Esquadrias e Vidro (SAIE VETRO) e o Fórum Contramarco (evento itinerante que se realiza nas principais praças do país, com o mais recente em São Paulo, no qual a Abramat participou da mesa de debates). Em sua opinião, qual a importância destes eventos para o setor da Construção Civil?
RODRIGO NAVARRO — Muito importante, pois vem somar às demais iniciativas de outras entidades do nosso ecossistema. Em particular, no esforço para termos um mercado mais justo, com conformidade técnica e fiscal. Agradecemos a oportunidade de participar, externalizar nossos posicionamentos e fazer contribuições e críticas construtivas. A construção civil é um dos pilares do crescimento para o país e o envolvimento de todos os participantes, em todas as regiões, são fundamentais — projetistas, fabricantes de materiais, construtoras, varejo.