Edição nº159 jan/fev 2023
FOCO NO VIDRO: CARACTERÍSTICAS DOS VIDROS RESISTENTES AO FOGO
por Fernando Simon Westphal

As normas internacionais classificam os vidros resistentes ao fogo em três grandes categorias:
• Vidros “E”, denominados para-chamas, e que previnem a propagação de chamas e fumaça por um período de tempo específico.
• Vidros “EI”, chamados de corta-fogo, e que além de evitar a propagação de chama e fumaça, garantem isolamento contra radiação térmica, ou seja, evitam a emissão de calor para o outro lado do vidro e a combustão de materiais nas salas vizinhas.
• Vidros “EW”, denominados redutores de radiação, que na verdade são uma subcategoria dos vidros EI, e não chegam a proporcionar um isolamento térmico, mas reduzem a emissão de radiação térmica para o outro lado do fechamento.
MATERIAL INTERMEDIÁRIO
Os vidros do tipo EI, que isolam contra a emissão de radiação térmica, possuem um material intermediário para absorver o calor, evitando a transmissão para o outro lado. Neste caso, o material intermediário expande, ou seja, é um material intumescente, expansível, deformando toda a composição envidraçada quando submetido a incêndio. Esse tipo de produto pode sofrer alterações mesmo quando submetido a altas temperaturas ou radiação ultravioleta em uso normal, quando exposto ao sol, por isso exige um cuidado especial nas aplicações em fachadas.
MEIA HORA OU MAIS?
Vidros de segurança temperados-laminados convencionais não garantem mais de 30 minutos de integridade, por isso para resistência ao fogo por mais tempo são utilizados vidros com alterações químicas na sua composição, como a adição do elemento químico boro, por exemplo, adotado nos vidros para fechamentos de churrasqueiras e lareiras.
Os vidros laminados com material intumescente podem garantir mais de 60 minutos de resistência ao fogo dependendo da quantidade de camadas intermediárias utilizadas. Esses produtos ainda podem ser aplicados em composições insuladas, garantindo maior desempenho contra a emissão de radiação térmica.
CLASSIFICAÇÃO
A norma brasileira que trata da classificação dos vidros resistentes ao fogo é a ABNT NBR 14925 (Elementos construtivos envidraçados resistentes ao fogo para compartimentação). Além das três categorias já citadas, a norma estabelece uma nomenclatura por códigos para que a especificação do vidro possa ser feita em função da previsão de estabilidade estrutural, integridade, isolamento térmico, redução de radiação, controle de fumaça, fechamento automático e resistência a impacto.
A NBR 14925 cita as demais normas de ensaio que determinarão o tempo máximo de resistência ao fogo (30, 60, 90, 120 ou 180 minutos). Essa classificação é aplicada ao elemento envidraçado completo, ou seja, vidro, componentes, perfis e selantes.
CONDIÇÕES REAIS DE INSTALAÇÃO
A execução dos ensaios deve ser realizada com os corpos de prova, ou elementos, nas mesmas dimensões que serão executadas in loco, pois devem representar as condições reais de instalação. Situações não previstas em normas brasileiras devem ser avaliadas de acordo com normas internacionais.
Para garantir a capacidade de resistência no tempo desejado, os vidros devem ser instalados com selantes, componentes e perfis também resistentes ao fogo. O uso de componentes inadequados pode gerar a transmissão de fumaça, calor excessivo e até mesmo chama através do envidraçamento.
Os sistemas de envidraçamento resistentes ao fogo podem ser aplicados em fechamentos externos (fachadas) ou internos (divisórias). No caso de divisórias internas, podem ser uma importante estratégia de prevenção à propagação de incêndio por proporcionar a compartimentação dos ambientes, mantendo as rotas de fuga visíveis durante a evacuação da edificação.
